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 | 30/05/2008 06h50min

Produtores gaúchos de leite apostam na transferência de embriões

Método poderá ajudar a suprir a demanda futura de leite gerada por novos laticínios no Rio Grande do Sul, mas é necessário reduzir o custo para o pequeno criador

Sebastão Ribeiro  |  sebastiao.ribeiro@zerohora.com.br

Largamente utilizada para aprimorar a genética das cabanhas que disputam títulos nas pistas, a transferência de embriões passa a ser vista também como ferramenta para multiplicar o rebanho leiteiro comercial, a fim de suprir a demanda gerada por novos laticínios no Rio Grande do Sul.

Com o boom dos investimentos industriais no setor, que dobrarão a capacidade instalada de processamento de leite no Estado, o desafio é aumentar não só a produtividade, mas o número de animais em produção - assunto que está em discussão na Expoleite até domingo, dia 1º, na cidade de Esteio. A importação de novilhas do Uruguai, tradicional alternativa (somente no ano passado foram autorizadas 5,6 mil), tem limites, especialmente porque mercados como o chinês passaram a disputar os animais também, lembra o técnico da Emater Breno Kirchof. Para o especialista, a transferência de embriões é a forma de suprir essa lacuna.

Um cálculo do veterinário Artur Cademartori mostra que, com a técnica, uma única vaca leiteira pode gerar 24 crias por ano, ante apenas uma, no caso de reprodução normal. O que dificulta a difusão do processo para o rebanho comercial são os custos ainda elevados: a coleta custa entre R$ 800 a R$ 1,2 mil, diz Cademartori.

Para pequenas propriedades, como a grande maioria das produtoras de leite no Rio Grande do Sul, o investimento é alto e complicado, pois ainda há a necessidade de utilização de vacas receptoras, preferencialmente de raças de corte. Normalmente sem fêmeas sobrando no estabelecimento, esses pequenos criadores ainda teriam de arcar com o valor aproximado de um terneiro para "alugar" um ventre de outra propriedade maior.

– Para fazer transferência de embriões em gado comercial, acho que só com subsídio – afirma o médico-veterinário Cristiano Fraquelli, que aplica a técnica em bovinos de corte de clientes e no gado leiteiro de seu próprio criatório, em Santana do Livramento.

O presidente da Associação de Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul, José Ernesto Ferreira, lembra que em países como Estados Unidos a transferência é utilizada na multiplicação rápida de rebanho. Segundo o dirigente, a saída para popularizar a técnica no Brasil seria fazer grandes projetos, a fim de dar escala ao processo e baratear custos. No caso de fazendas de maior porte, isso já começa a ocorrer.

Estimando uma demanda atual por 300 mil novas vacas de leite no Estado, o proprietário da Cabanha VB (Eldorado do Sul), Ricardo Biesdorf, deu início a um projeto para produção e comercialização em larga escala de embriões leiteiros. Um dos mais tradicionais criatórios gaúchos, o estabelecimento costumava coletar apenas 250 unidades, de animais de ponta, ao ano, para aprimoramento do próprio rebanho e venda a clientes restritos. Neste ano, no entanto, a VB já deve retirar mil embriões. E em 2009, serão 5 mil.

– É uma oportunidade de mercado. Já sabemos o custo para fazer o embrião, que ficará em torno de R$ 250. Precisamos ainda fechar com um parceiro de gado de corte (que cederá as vacas para receber os embriões) – afirma Biesdorf.

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