Duas semanas após ser flagrado por Zero Hora tomando chope com o empresário e suposto lobista Lair Ferst, o ex-secretário do Planejamento e Gestão Ariosto Culau explicará hoje à CPI do Detran as razões do encontro que lhe custou o cargo.

Às 19h55min do dia 24 de abril, Ariosto foi flagrado com Ferst na praça de alimentação do Shopping Total. A happy hour ocorreu quatro horas depois de Ariosto comandar o anúncio do rompimento do contrato da Fundae com o Detran, alvo de investigação da Polícia Federal (PF).

Os depoimentos da CPI começarão às 18h e serão transmitidos pela TV Assembléia, no canal 16 da NET. Ariosto deve ser o último a se manifestar, já na madrugada de sexta-feira. Antes do ex-secretário, dois indiciados darão esclarecimentos: o contador da Fundae, Helvio Debus, e o servidor do Detran Gilson Araújo de Araújo.

A Ariosto, os deputados da comissão perguntarão sobre suas relações com Ferst. Outra informação a ser pedida diz respeito aos critérios utilizados pelo governo para romper o contrato com a Fundae.

Nesta quarta-feira, Zero Hora tentou contato com o ex-secretário por meio de pessoas próximas. Pouco antes das 17h, Ariosto reafirmou ao deputado federal Cláudio Diaz (PSDB) que só se manifestaria à CPI. Diaz relatou que o amigo estava recolhido em lugar não-informado em Porto Alegre.

— Quero apenas o direito de ficar quieto. Vou cumprir a convocação da CPI — disse Ariosto a Diaz.

Secretário pediu demissão 72 horas após o encontro

Abordado por ZH durante o encontro do dia 24 de abril, o secretário disse que estava "só no chopinho" com um dos principais suspeitos do desvio de pelo menos R$ 40 milhões da autarquia entre 2003 e 2007. Ariosto afirmou que não foi enviado pelo governo. Também alegou não ter repassado informações sobre o Detran a Ferst.

O empresário disse que é companheiro de partido de Ariosto e que os dois cultivam uma amizade desde que o técnico federal voltou ao Rio Grande do Sul para assumir a Secretaria de Planejamento, em janeiro de 2007. Ariosto é filiado ao PSDB. Ferst foi suspenso pela sigla depois de ser indiciado pela PF.

Depois de Yeda insistir na permanência do secretário, ele pediu demissão 72 horas após a confraternização e decidiu reassumir o posto de servidor de carreira no Ministério do Planejamento, em Brasília.