| 21/04/2008 10h31min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a rebater nesta segunda, dia 21, as críticas de que a produção de biocombustíveis reduz a área plantada de alimentos e causa alta nos preços dos produtos. Ele afirmou que não vai aceitar “meia-conversa” sobre o assunto.
– Nós não aceitamos que haja meia-conversa sobre a questão do aumento dos alimentos – disse em seu programa de rádio Café com o Presidente.
Conforme o presidente, a origem da polêmica está no fato de que o Brasil não vai mais se comportar como um país coadjuvante na economia mundial.
– O Brasil é o maior exportador de café, o maior exportador de soja, o maior exportador de suco de laranja, o maior exportador de açúcar, o maior exportador de carne. Agora o Brasil é um dos maiores exportadores de minério e também está exportando etanol. Temos o prazer e o orgulho de, há 30 anos, termos a tecnologia de um combustível renovável, gerador de empregos, seqüestrador de carbono e, muito mais importante, limpo – completou.
Lula está no continente africano, onde particia de vários eventos. Neste final de semana o presidente inaugurou a sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Gana.
– Essa iniciativa vai permitir que se produza o mesmo efeito na agricultura no continente africano que se produz no Brasil. Todo mundo sabe que a Embrapa fez a revolução na agricultura brasileira e nós estamos convencidos que a Embrapa pode ajudar vários países africanos a deixarem de ser tão pobres, a terem uma agricultura competitiva – comentou.
No programa Lula também destacou a sua participação na Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), onde falou, entre outros assuntos, sobre a necessidade de aumentar a produção de alimentos “e não ficar culpando os biocombustíveis pelo encarecimento do alimento”.
– O dado concreto é que nós temos 854 milhões de homens e mulheres e crianças que dormem com fome todo santo dia. É importante que a gente utilize as terras agricultáveis, as terras disponíveis, para que a gente produza muito mais alimento – afirmou.
No evento, Lula também tratou da Rodada de Doha, acordo da Organização Mundial do Comércio para que os subsídios agrícolas dos países desenvolvidos sejam reduzidos, o que dará condições para que os países pobres aumentem suas exportações em possam competir mais igualitariamente. Ele comentou sua atuação no encontro durante o Café com o Presidente.
– Do jeito que está hoje, com o forte subsídio dos Estados Unidos e da União Européia aos seus agricultores, obviamente que fica difícil os países pobres vender algum alimento.
Lula retorna ao Brasil ainda nesta segunda-feira. Antes, participará de painel da Unctad, de encontro com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e de reunião com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy.
AGÊNCIA BRASIL
Lula está em Gana, na África, onde participa de conferência da ONU
Foto:
Valter Campanato, Agência Brasil
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