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 | 11/04/2008 04h10min

CPI do Detran: depoimento de informante reforça suspeita de lavagem de dinheiro

Sócia de empresa que fez empréstimo de R$ 550 mil declara renda mensal de R$ 3 mil

Adriana Irion  |  adriana.irion@zerohora.com.br

A dona da empresa que fez um empréstimo de R$ 550 mil a Carlos Ubiratan dos Santos, ex-diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), é vendedora de cosméticos em Florianópolis, Santa Catarina, e recebe em torno de R$ 3 mil mensais.

A revelação reforça a suspeita da força-tarefa da Operação Rodin de que o negócio teria servido para lavagem de dinheiro.

Essa foi a primeira grande revelação que a CPI do Detran obteve nesta quinta-feira, depois de um tumultuado início de sessão.

Às 18h40min, Nilza Terezinha Pereira, apontada pela PF como laranja do casal Ubiratan e Patrícia Bado dos Santos, começou a ler um documento no qual reafirmava a decisão de ficar em silêncio. A atitude irritou os deputados, e a sessão chegou a ser suspensa. Parlamentares e assessores discutiram a possibilidade de prender a informante.

Com o reinício dos trabalhos, Nilza insistiu no silêncio até que o deputado Paulo Azeredo (PDT), vice-presidente, conseguiu que ela respondesse que vendia cosméticos e recebia por isso cerca de R$ 3 mil mensais. Ela também confirmou ter uma amizade de muitos anos e "muita confiança" com o casal.

Às 19h28min, uma nova estratégia da oposição para driblar o silêncio imposto por indiciados na Operação Rodin foi deflagrada pela deputada Stela Farias (PT).

— Vou fazer o meu papel, de perguntar, e o seu, de responder. Vou contar uma historinha para ver se a senhora pode confirmar — explicou a deputada.

Logo depois, a parlamentar passou a dar detalhes de como teria ocorrido o uso do nome de Nilza para abertura de uma empresa criada para beneficiar Ubiratan e Patrícia na fraude milionária da autarquia. A partir do que Nilza havia declarado em depoimento à Polícia Federal (PF), Stela descreveu um cenário em que Nilza teria sido atraída pela amiga Patrícia para o negócio.

Em 2004, Nilza separou-se do marido, o advogado e militante do PP de Torres Ivo Rocha. No mesmo ano, teria tido problemas de saúde na família. Foi então que recebeu a proposta para participar da abertura da empresa NT Pereira.

Assinou documentos e não acertou nenhum ganho fixo. Poderia receber entre R$ 2 mil e R$ 3 mil.

Durante a sociedade, chegou a fazer retiradas extras da empresa de R$ 7 mil a R$ 8 mil, dinheiro que usou para comprar um apartamento de R$ 50 mil em Florianópolis.

Nilza confirmou ter novo companheiro, que é gerente em uma choperia e recebe R$ 2,5 mil mensais. Os ganhos do casal foram ressaltados pelos deputados como insuficientes para pagar os defensores que a acompanhavm no plenário, os mesmos de Ubiratan e Patrícia.

Também foi destacado o fato de a empresa que seria de Nilza ter adquirido em São Francisco de Paula, em 2005, uma fazenda por R$ 250 mil. Ela se negou a dizer aos deputados se conhece o local.

Na abertura da sessão, o deputado Fabiano Pereira (PT), presidente da comissão, informou que Elci Ferst apresentara um atestado médico para não depor. Inicialmente previsto para segunda-feira passada, o depoimento havia sido adiado para ontem porque ela se sentira mal.

O atestado informa que Elci, irmã de Lair Ferst, suposto lobista e ex-coordenador da campanha de Yeda Crusius, sofre de ansiedade e crise de pânico, "não podendo se expor a situações que possam gerar descompensação do estado emocional". Pereira acatou o documento e, por conta disso, a comissão também abriu mão de ouvir a irmã dela, Rosana Ferst.

Os membros da CPI julgam importante que as duas sejam inquiridas na mesma sessão.

Guerreiro, Ag AL  / 

Suspeita de ser laranja em fraude, Nilza Terezinha Pereira disse que é vendedora em Florianópolis
Foto:  Guerreiro, Ag AL


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