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 | 01/04/2008 00h01min

Governo argentino diz que não voltará atrás com impostos sobre exportação

Ministro da Economia anunciou compensações para pequenos e médios produtores

O governo argentino anunciou nesta segunda, dia 31, que compensará os pequenos e médios produtores rurais, mas ratificou que não voltará atrás com o novo esquema de impostos para as exportações de grãos que gerou a revolta de produtores. O locaute (greve de patrões) teve início há 19 dias, e provoca transtornos nas estradas e desabastecimento nos supermercados do país.

O ministro da Economia, Martín Lousteau, disse que o governo restituirá aos agricultores que produzem até 500 toneladas anuais de soja ou girassol a diferença entre o valor do imposto anterior e o do novo. Na prática a medida significa que produtores de menor porte continuarão pagando a taxa que vigorava até 11 de março. A medida deve beneficiar cerca de 62 mil agricultores que detêm um total de 150 mil hectares de terra e repondem por 20% da produção dessas oleaginosas.

Lousteau anunciou, além disso, que o governo subsidiará cerca de 50% do custo do transporte das colheitas que são pagas pelos agricultores do norte do país até os centros de embarque de exportações.

Em um ato na sede do Executivo, a presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, disse que gostaria de ter discutido com o campo as medidas que foram adotadas unilateralmente, pois as negociações com as quatro entidades que representam o setor estão suspensas desde sexta-feira.

Cristina destacou que os agricultores "ficam agora com a mesma rentabilidade que antes de 11 de março", quando os impostos às exportações aumentaram, "e em uma melhor posição que antes dessa resolução, tendo em vista os benefícios adicionais, como o subsídio aos fretes, a bonificação de taxas a créditos para o setor de laticínios e a reabertura das exportações de trigo".

A presidente pediu aos agricultores que mantêm os bloqueios nas estradas que se manifestem liberando o caminho para permitir a passagem de caminhões com alimentos e matérias-primas para as indústrias.

– Mais uma vez e todas as vezes que seja necessário, lhes peço, por favor, que deixem os caminhões transitarem e se sintam como parte de um país, e não como proprietários do país – afirmou.

Após destacar que os grandes produtores ficam isentos das compensações, Cristina pediu aos argentinos para "refletirem sobre a concentração da propriedade da terra e da produção agrária, que caso continue, trará severos problemas".

A greve comercial e os bloqueios iniciaram no dia 13 de março em protesto pela decisão do governo de elevar os impostos às exportações de soja e girassol e de reduzir levemente os encargos para milho e trigo. As medidas foram justificadas com a necessidade de impedir que a forte alta dos preços internacionais dos grãos pressionassem em demasia os valores internos e estimulassem a expansão da soja, cujo cultivo cresce em detrimento de outros que fazem parte da base de alimentação dos argentinos.

Após escutar os anúncios desta segunda a cúpula das quatro entidades que representam o campo se mostraram insatisfeitas com as medidas, que consideraram "insuficientes" e "duvidosas", apesar de reconheceram um "certo alívio" para os pequenos produtores.

As organizações ratificaram que a greve será mantida até quarta-feira, garantiram o fornecimento de laticínios e indicaram que consultarão suas bases sobre as ações a seguir, acrescentando ainda que por enquanto manterão os cerca de 400 piquetes que impedem a passagem nas estradas.

Eduardo Buzzi, presidente da Federação Agrária Argentina, assinalou que "à primeira vista" as medidas do governo "não modificam a essência do conflito".

– Por mais que a presidente argentina diga que a medida está dentro do marco da legalidade, o anunciado não tem a suficiente generosidade que o campo esperava – destacou.

Para Mario Llambías, líder das Confederações Rurais Argentinas, o governo "não entende a raiz do problema".

– Eu acho que a presidente Cristina está mal assessorada. A discussão vai além da soja – ressaltou, concordando com Luciano Miguens, presidente da Sociedade Rural Argentina, que considerou que o "campo se fortaleceu" com este conflito pelo apoio que recebeu do "cidadão comum".

O governo argentino, no entanto, já se mostrou disposto a dissolver com as forças de segurança os piquete que ocupam as estradas. Nos arredores da cidade de Gualeguaychú (a 270 quilômetros ao norte de Buenos Aires), epicentro do protesto mais radical, a gendarmaria (polícia de fronteira) entrou em ação nesta segunda para desobstruir a passagem.

A economia da Argentina já acumula prejuízos superiores a US$ 800 milhões em conseqüência do protesto dos produtores rurais. O setor que mais sofre é o do transporte de cargas, que deixa de arrecadar US$ 70 milhões por dia. As indústrias também se queixam da paralisação.

Durante o final de semana houve falta de alimentos na capital federal, principalmente carne. O protesto dos produtores rurais argentinos completou nesta segunda, dia 31, 18 dias.

CANAL RURAL E AGÊNCIA EFE
 
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