| 13/02/2008 15h40min
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, estimou nesta quarta-feira que o Brasil perde cerca de R$ 5 milhões por dia com o embargo da União Européia (UE) à carne bovina brasileira.
Em audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado, o ministro recusou a sugestão de parlamentares, que pediram a ele que não apresentasse a lista de fazendas aptas a exportar carne para o bloco europeu.
— Não temos condições de retirar a lista neste momento — afirmou o ministro, ao encerrar a sua participação na audiência no senado.
O ministro comentou que vai comunicar ao embaixador da UE no Brasil, e também ao embaixador do Brasil na UE, o sentimento que paira entre os produtores, que começam a exigir do governo uma posição mais dura com relação ao embargo europeu.
Essa postura foi defendida hoje por vários parlamentares durante a audiência pública. O deputado Homero Pereira (PR-MT) foi contundente:
— Não
queremos que o Brasil se curve às exigências da UE. O Brasil
tem de deixar claro que não concorda com a segregação. Se a questão não é técnica, e sim comercial, precisamos fazer retaliações — afirmou o deputado.
Stephanes observou que, para atender a demanda do mercado europeu pela carne bovina, seria necessário cadastrar não menos do que 3 mil a 5 mil fazendas. O ministro sinalizou que, em uma segunda etapa de negociação com a UE, o objetivo será revisar as normas de rastreabilidade do gado brasileiro.
Ele também informou que há temor de que a decisão da UE influencie outros compradores internacionais.
— Poderá haver uma reação em cadeia para outros mercados. Isso nos preocupa — disse Stephanes.
Rússia
O ministro comentou, ainda, a decisão da Rússia de suspender as importações de carne bovina de Mato Grosso, por causa da constatação de focos de estomatite registrados em rebanhos do Estado.
Segundo ele, a relação
comercial com a Rússia é uma das melhores possíveis e o problema pode ser revisto no curto
prazo. A estomatite é um vírus que pode ser eliminado em pouco tempo e para exterminá-lo é preciso manter os animais em quarentena.
Depois do fim da audiência pública, o ministro evitou comentar uma declaração sua durante o debate com os parlamentes. Ele havia dito que o Brasil vendeu animais não rastreados para a UE.
— Eu prefiro não ter fogo amigo — disse ele ao ser questionado pela imprensa a dar mais detalhes sobre a declaração.
A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) considerou a informação do ministro como "gravíssima".
Ministro diz que para atender a demanda do mercado europeu pela carne bovina seria necessário cadastrar de 3 mil a 5 mil fazendas
Foto:
Antonio Cruz, ABr
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