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 | 12/02/2008 21h16min

FH diz que não teme investigações sobre cartões

Comissão apurará os abusos com cartões e contas tipo B nos últimos 10 anos

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta terça-feira, em entrevista à Rádio CBN, que não tem receio de que a comissão parlamentar mista de inquérito (CPI) dos cartões corporativos investigue o governo dele.

— Se tiver ocorrido alguma coisa errada no meu governo, eu sou o primeiro a querer saber o que foi para dizer que infelizmente houve isso e que não se deve fazer — declarou.

FH não concordou com o acordo feito entre o governo e a oposição, que resultou na CPI mista, formada por deputados e senadores, e que apurará os abusos com cartões e contas tipo B nos últimos 10 anos.

— Eu acho que a oposição não precisa fazer acordo, dá a impressão que estamos escondendo alguma coisa. Esconder o que? Faz a CPI a partir do fato determinado. Se no encadeamento da investigação ficar claro que é necessário remontar ao passado, que se chegue até Deodoro (da Fonseca, primeiro presidente do Brasil, de 1889 a 1891). Mas (é preciso) vir até o problema para esclarecer as coisas — questionou.

O ex-presidente afirmou que é preciso preservar a intimidade das famílias dos presidentes, mas os gastos que foram irregulares devem ser investigados.

— É claro que temos que preservar a intimidade das famílias, mas não os gastos das famílias com dinheiro público. Se alguém da minha família, não houve isso, mas se tivesse usado conta B, cartão corporativo, seja lá o que for, para comprar o que é pessoal, é indevido, é errado — defendeu.

Na avaliação de FH, o uso indevido do dinheiro público não é segurança nacional.

— Se eu faço uma roupa e gasto com dinheiro público, isso é errado? Isso não é segurança nacional. Eu tenho que explicar que estou usando o dinheiro para aquilo ao qual não fui autorizado — afirmou.

O ex-presidente defendeu o uso do cartão corporativo e classificou-o como um instrumento "positivo".

— O instrumento é bom, o uso que é mau — destacou.

Na opinião de FH, pequenos e eventuais gastos, como uma viagem, podem acontecer.

— A retirada demasiada desse recurso em cash, dinheiro vivo, não há razão para isso — disse.

FH condenou a quantidade de portadores dos cartões e classificou-a como "espantosa".

— Se o governo tivesse antecipado e corrigido, depois denunciado o fato, aí eu nem precisava mais falar em CPI, acabava o assunto — ressaltou.

Questionado sobre se a "união" entre oposição e governo em uma CPI mostraria um amadurecimento do país, o ex-presidente foi cauteloso.

— Pode ser, dependendo de como ela (a junção) se comporte. Se ela não começar se comportando com invenção, que não comece do ponto de partida, querendo derrubar o presidente, não querendo jogar a culpa na oposição, querendo realmente verificar os fatos, aí todos deveremos ficar em pé e aplaudir. Vamos ver se é isso. Temos que colocar as barbas de molho.

Agência Estado
 
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