A partir desta terça, dia 1º de janeiro, é obrigatória a mistura de 2% de biodiesel ao diesel consumido no Brasil. A adição do chamado B2 não exige alterações nos motores movidos a diesel e promete movimentar o mercado agrícola nacional, mas ainda restam dúvidas sobre a disponibilidade e a fiscalização do produto. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) é clara e incisiva sobre o assunto:

– Do Oiapoque ao Chuí deverão vender a mistura de biodiesel ao diesel, o chamado B2. Nenhum posto de gasolina no Brasil poderá vender o diesel puro. Todo o consumidor terá a sua disposição, por lei, a mistura do Biodiesel ao diesel, o chamado B2 – disse Edson Silva, superintendente de Abastecimento da ANP.

Quem vai vender, teme a falta de abastecimento do biodiesel para as distribuidoras. Mas o governo garante, que, pelo menos para os seis primeiros meses do ano, o estoque está assegurado.

– Sabemos que pode haver problemas de abastecimento de biodiesel para as distribuidoras – disse Emílio Roberto Martins, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Campinas e Região (Recap).

– A ANP realizou em novembro dois leilões para a aquisição de 380 milhões de litros de biodiesel, o que corresponde ao consumo do primeiro semestre. Nós acreditamos que há estoque – disse Edson Silva.

A indústria enxergou uma boa oportunidade de negócio no projeto de produção e uso do biodiesel. Investiu em tecnologia para grande capacidade de produção e teme agora a falta de matéria prima.

– O governo se colocou no programa em 2004/2005 como um técnico de futebol, ele estabelece toda a estratégia do jogo e não conversa com o adversário. No caso do B2, o adversário é o campo. O campo não responde a altura da brevidade do industrial. O industrial precisa promover o seu projeto de produção do biodiesel e ele tem que buscar no mercado as oleaginosas – afirmou Nivaldo Trama, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biodiesel (ABIOdiesel).

Com alta capacidade de produção instalada, a indústria do biodiesel aguarda a ampliação do percentual da mistura. De acordo com a ANP, a meta dos 5% prevista para 2013 deve ser antecipada.

– O presidente Lula, em várias entrevistas tem afirmado o desejo de antecipar a meta dos 5%. E é possível porque temos uma capacidade instalada três vezes maior que o consumo do Brasil – disse Edson Silva.

A ANP garante que o B2 comprado em postos de gasolina, estará livre das adulterações. Mas os donos dos estabelecimentos ainda não sabem como vão controlar as normas do produto que são obrigados a vender a partir desta terça.

– Não é possível para os postos de gasolina identificar se aquele produto é um B2, B100 ou BZero. É isso que nos preocupa – afirmou o presidente da Recap.