Embora o governo federal aposte na concorrência para evitar aumento no preço do B2, as distribuidoras avisam: vão transferir a elevação do custo representada pelo valor mais alto do biodiesel. Segundo Alísio Vaz, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), o consumidor deve pagar cerca de 1% a mais.

– O repasse deve ficar entre R$ 0,01 e R$ 0,02 para o preço das bombas, o que corresponde a 1%, talvez menos. Vai ser quase imperceptível para o consumidor – promete o representante das distribuidoras.

Vaz explica que, enquanto o diesel sem impostos custa ao redor de R$ 1,20, o biodiesel comprado nos leilões saiu por cerca de R$ 1,90. Embora a diferença seja grande, o baixo percentual da mistura atenua o impacto no preço final. Nos cálculos do Ministério de Minas e Energia, porém, o efeito seria ainda menor, entre 0,018% e 0,060%. O preço médio do diesel no Brasil hoje é de R$ 1,86, conforme a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

– Por enquanto, vamos ver o que vai acontecer, a que preço vai chegar – acautela-se Adão Oliveira, vice-presidente do Sulpetro, sindicato das revendas de combustíveis no Estado.

Luiz Fernando Alencastro, diretor da Latina, uma rede de distribuição que atua no Sul do país, e Maurício Campos, diretor de marketing da multinacional Texaco, estão entre os que advertem que haverá impacto no preço.

– O óleo vegetal está mais caro do que o diesel, no momento – argumenta Alencastro.

– Vamos trabalhar para que o impacto seja o menor possível, mas o biodiesel é um produto novo, com origem em diversos lugares, o que também exige mais logística – pondera Campos.

Mistura reduz emissão de poluentes na atmosfera

– Cada um vai passar de uma forma, tanto a diferença de preço do biodiesel quanto os investimentos realizados, mas não vai passar de 2% – estima Ricardo Maia, diretor de marketing da Ipiranga.

Se o benefício da mistura não vem do preço, por que vale a pena investir no biodiesel? Uma das principais razões é a substituição de combustível fóssil por matéria-prima renovável. Outra é a redução da poluição ambiental, com menor emissão de monóxido de carbono, material particulado e óxido de nitrogênio, segundo técnicos do ministério.

Conforme testes realizados em conjunto com a Anfavea, associação que reúne as montadoras, a adição de 2% de biodiesel não provoca qualquer mudança de rendimento dos motores a diesel. Pela experiência, seria possível avançar para a mistura de 3% sem necessidade de ajuste nos veículos.

Além disso, o combustível alternativo permitirá economia anual de R$ 900 milhões na importação de diesel. Quando a mistura for de 5%, o país deixará de gastar R$ 2,25 bilhões por ano, segundo Nelson Hubner, ministro interino de Minas e Energia. O Brasil importa atualmente 7% do diesel que consome, o que cairá para 5% em 2008. Hoje, a fabricação do biodiesel gera 500 empregos diretos nas 49 usinas já autorizadas pela ANP. Outras 44 estão na fila para ganhar o selo da agência que regula o mercado.