O Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou nesta quarta, dia 19, a retomada do Projeto de Integração do Rio São Francisco com a Bacia do Nordeste Setentrional, mesmo com a greve mantida pelo bispo Luiz Cappio.

A decisão suspende uma liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) emitida em 11 de dezembro e que ordenava a paralisação das obras. A sentença do STF foi dada pelo ministro Carlos Alberto Menezes Direito a pedido do advogado geral da União, José Antonio Dias Toffoli, informou o Supremo.

O bispo Luiz Cappio, de 61 anos, iniciou uma greve de fome no dia 27 de novembro para protestar contra a transposição do rio São Francisco, um projeto orçado em US$ 3 bilhões. O religioso perdeu mais de oito quilos e já apresenta problemas de saúde, como pressão baixa.

O governo negocia com o Episcopado para conseguir que Cappio abandone seu jejum, que hoje completou 22 dias.

O negociador do governo, Gilberto Carvalho, afirmou que as obras serão paralisadas "por dois meses" para promover debates públicos e "explicar melhor o projeto à população".

As obras começaram em junho, com a proteção do Exército, que teve que despejar centenas de manifestantes. O projeto só foi interrompido na semana passada pela decisão do TRF-1, que foi cancelada.

Apesar de as conversas entre o governo e o episcopado não estarem indo bem, as obras continuarão paralisadas até 7 de janeiro, devido ao recesso natalino. O religioso pede que o projeto seja arquivado para sempre.

Esta é a segunda greve de fome feita por Cappio. A primeira, em 2005, durou treze dias e só parou devido à intermediação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A transposição pretende desviar água do rio São Francisco à pobre e árida região nordeste por meio de dois canais que, juntos, somarão 740 quilômetros.

AGÊNCIA EFE