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 | 02/12/2002 21h55min

Lula defende moeda comum no Mercosul

Presidente eleito se encontrou com Duhalde nesta segunda em Buenos Aires

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso contundente em defesa da soberania da América Latina depois de um encontro de 40 minutos a portas fechadas com o presidente argentino, Eduardo Duhalde. Na primeira viagem ao Exterior depois de eleito, Lula criticou os especuladores estrangeiros e propôs uma agenda entre o Brasil e Argentina para o "urgente aprofundamento da construção do Mercosul com propostas concretas".

Ao lado de Duhalde, Lula disse que a parceria estratégica entre os dois países deve ir além da união aduaneira para que, no futuro, a região possa ter até um Parlamento e uma moeda comum, a exemplo da União Européia. Ficou decidido que no dia 14 de janeiro de 2003, equipes dos dois governos vão se reunir, em Brasília.

Lula afirmou que nos últimos anos, opções econômicas e políticas equivocadas, que não estavam de acordo com o interesse nacional, conduziram Brasil e Argentina a sucessivas crises, em uma crítica indireta às administrações de Fernando Henrique Cardoso e de Carlos Menem.

No pronunciamento de 20 minutos, Lula ainda mostrou que quer se credenciar como líder do bloco regional para as negociações bilaterais entre o Mercosul e os Estados Unidos –  para onde segue na próxima segunda-feira –, paralelamente à Alca, considerada pelo PT como "um projeto de anexação". Ele não irá mais para a Europa antes da posse, como chegou a ser cogitado, porque, de acordo com sua assessoria, não terá tempo.

Nesta terça, dia 3, Lula viajará para o Chile, país membro associado do projeto de união aduaneira do Cone Sul. No entanto, o governo chileno está em conversações com os Estados Unidos. Dois anos atrás, o governo chileno, cansado de esperar pelos avanços no Mercosul, intensificou a estratégia global de abertura de mercados para os produtos. Por coincidência, no momento em que receberá Lula no Palácio de La Moneda, o presidente Ricardo Lagos terá a atenção concentrada, mais do que nunca, na realização de um objetivo central dessa estratégia: a integração da economia do país com a dos norte-americanos.

Apenas seis semanas depois de firmar um acordo de livre comércio com a União Européia (UE), o Chile iniciou nesta segunda, em Washington, a 14ª e, possivelmente, última rodada de negociação de um acordo semelhante com os EUA. Declarações recentes de Lagos e de outros políticos chilenos sobre as dificuldades para se chegar a um entendimento satisfatório com os EUA poderão reforçar o ceticismo que Lula e os membros das comitiva não escondem sobre as chances de se chegar a um acordo equilibrado e vantajoso com os Estados Unidos na Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Por outro lado, a visita do futuro líder brasileiro poderá ser politicamente útil para o presidente chileno, em casa e em Washington.Com tarifas alfandegárias muito mais baixas do que as praticadas pelo bloco comercial de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, as autoridades chilenas não vêem motivos para se integrar no Mercosul. Têm interesse, porém, no fortalecimento do bloco e na consolidação do Chile como membro associado e "sócio político estratégico".

 
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