Desafiador, erguendo as mãos algemadas, o líder palestino Marwan Barghouti foi formalmente acusado nesta quarta, 14 de agosto, por homicídio em um tribunal israelense, no primeiro julgamento de uma importante autoridade civil palestina nos dois anos da nova Intifada (revolta palestina).

Apontado como responsável pela morte de 37 israelenses em 26 atentados, Barghouti negou as acusações e disse, em hebraico, que a "Intifada vencerá".

– Continuarei lutando até conquistar minha liberdade – gritou ele para os jornalistas que lotavam a Corte Distrital de Tel-Aviv.

O governo de Israel acredita ter fortes evidências de que Barghouti e outros líderes da Autoridade Nacional Palestina (ANP), inclusive o presidente da organização, Yasser Arafat, são diretamente responsáveis pela atual onda de ataques contra civis israelenses. Conforme a promotoria, Barghouti pediu e recebeu dinheiro de Arafat e teria utilizado os recursos para comprar armas para militantes que realizaram atentados.

– Barghouti era uma figura central na tomada de decisões dos grupos militantes e trabalhava muito próximo de Arafat, que está à frente das organizações terroristas – disse a promotoria.

O acusado recusou-se a reconhecer a autoridade do tribunal e declarou que a ocupação militar israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza é a principal fonte de tensões na região. Enquanto o líder palestino falava, o juiz Tzvi Gurfinkel pediu a ele que se calasse e avisou que não permitiria ao réu "transformar a corte em um palanque político".

A próxima audiência foi marcada para 5 de setembro. Barghouti é considerado o segundo líder mais popular entre os palestinos, atrás apenas do próprio Arafat.

Nesta quarta, dois palestinos, Nasser Jarrar, 44 anos, chefe militar do movimento extremista Hamas e Nidal Abu Mohsen, 19 anos, morreram durante uma operação israelense em Tubas, na Cisjordânia.