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Milhares de marines norte-americanos e militares iraquianos invadiram Falluja, com a ajuda de tanques, ao anoitecer desta segunda, dia 8. É o começo de uma forte ofensiva para retomar a cidade das mãos dos rebeldes.
A comunicação por rádio dos marines indicou que houve alguma resistência dos guerrilheiros à incursão dos tanques. Há intensos bombardeios norte-americanos. Este jornalista ouviu tiroteios conforme as tropas avançavam pelo menos quatro quarteirões pelo reduto dos militantes, sob a escolta de helicópteros.
Antes, os marines haviam feito disparos de tanques e metralhadoras contra uma estação ferroviária próxima, abrindo caminho para o ataque por terra à cidade.
– Estamos determinados a limpar os terroristas de Falluja – disse o primeiro-ministro Iyad Allawi em entrevista coletiva em Bagdá, na qual disse que a operação, apesar de comandada pelos EUA, foi autorizada por ele.
Allawi visitou tropas iraquianas estacionadas em uma base norte-americana perto de Falluja, cidade que fica 50 quilômetros a oeste de Bagdá. Horas depois, a ofensiva começou.
– Seu trabalho é prender os assassinos, mas se vocês os matarem, que seja – afirmou ele, segundo jornalistas escolhidos para presenciarem a visita.
– Que (os militantes) vão para o inferno – gritaram os soldados. – Que vão para o inferno – respondeu o primeiro-ministro.
O general George Casey, chefe da força multinacional liderada pelos EUA, disse entre 10 e 15 mil militares norte-americanos e iraquianos participam da ofensiva, que deve durar alguns dias.
A ação começou logo depois da "iftar" (refeição noturna que encerra o período de jejum diurno durante o mês muçulmano do ramadã). Durante a manhã, a cidade já havia registrado intensos combates. Caças F-16 provocaram um estrondo ao sobrevoar a região, atirando bombas que levantaram colunas de fumaça.
Quando os bombardeios aéreos pararam, foi a vez da artilharia. Os helicópteros Cobra dispararam foguetes, enquanto os soldados controlavam com seus binóculos os alvos a serem atingidos.
Em meio às violentas explosões, um clérigo de voz potente conclamava, numa mesquita distante, seus seguidores àquela que pode ser a maior batalha no Iraque desde o início da ocupação norte-americana.
– Deus é o maior, oh, mártires – disse ele, ensinando que a "guerra santa" é uma honra para os combatentes. – Levantem-se, mujahideen – afirmou.
O médico Ahmed Ghanim disse que 15 pessoas já morreram e 20 ficaram feridas nos combates de Falluja.
Allawi disse que está usando seus poderes extraordinários para impor um toque de recolher em Falluja e em Ramadi, que fica mais a oeste e também enfrenta turbulências. Além disso, o aeroporto internacional de Bagdá foi fechado durante 48 horas.
O governo também reforçou a vigilância nas fronteiras com a Síria e a Jordânia, autorizando apenas a entrada de bens de primeira necessidade. Ele disse que o toque de recolher em Falluja e Ramadi vai começar às 18h, mas não informou por quanto tempo ele vai durar.
Allawi decretou estado de emergência durante 60 dias no domingo, a fim de combater a insurgência antes das eleições marcadas para janeiro.
Com a ofensiva norte-americana tomando corpo, o "representante" da Al-Qaeda no Iraque, Abu Musab Al Zarqawi, conclamou os muçulmanos a pegarem em armas contra os EUA.
– Oh, gente, a guerra começou, e o apelo à jihad (guerra santa) foi feito – disse ele em declaração pela internet.
O texto não cita Falluja diretamente, mas os militares norte-americanos dizem que há guerrilheiros ligados a ele entrincheirados na cidade, junto com rebeldes locais leais a Saddam Hussein.
Líderes xiitas e sunitas condenaram a realização do ataque durante o mês sagrado do ramadã. A Associação dos Clérigos Muçulmanos Sunitas pediu às forças iraquianas que não acompanhem as tropas dos EUA, para "não cometerem o grave erro de invadir cidades iraquianas sob a bandeira de forças que não respeitam a religião e os direitos humanos".
As informações são da agência Reuters.
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