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 | 20/02/2004 12h14min

Ex-diretor da Lotergs acusa existência de caixa 2 em campanha do PT

José Vicente Brizola fez revelações em entrevista à revista Veja

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a comitiva ministerial chegam a Caxias do Sul nesta sexta-feira, dia 20, num mau momento para o PT. Os integrantes do governo serão recebidos no centro de um vespeiro, atiçado por reportagem da revista Veja. A publicação traz entrevista de José Vicente Brizola, diretor-geral da Loteria do Estado do Rio Grande do Sul no governo Olívio Dutra, na qual ele afirma ter sido pressionado a obter dinheiro para campanha do PT com donos de bingos, videobingos, jogos de cartela e máquinas de videoloteria, os caça-níqueis. José Vicente é filho de Leonel Brizola e se desligou do PDT depois de brigar com o pai no início de 2001.

O caso gaúcho se assemelha à denúncia contra o ex-subchefe Waldomiro Diniz. Ambos trabalhavam por candidaturas do PT em 2002 e lidavam com empresários acusados de ligações com a contravenção.

Conforme relato de José Vicente, na ocasião à frente da Lotergs, Carlos Fernandes, filho da então candidata à reeleição ao Senado pelo PT, Emília Fernandes, pediu ajuda para obter recursos financeiros para a chapa majoritária do partido, formada também pelo candidato ao governo, Tarso Genro, e pelo então candidato ao Senado Paulo Paim.

Os doadores envolvidos com o jogo não estariam registrados no Tribunal Regional Eleitoral, mas integrariam um caixa dois. José Vicente disse que não teve contato com Tarso Genro e Paim, e eles não foram mencionados nas conversas que manteve. O dinheiro, no entanto, auxiliaria todos os candidatos, conforme matéria publicada na Veja.

Carlos Fernandes teria dito ao diretor da Lotergs que os pedidos deveriam ser feitos em nome da chapa majoritária e da candidatura da senadora. Apesar de inicialmente se recuar a cumprir a tarefa, José Vicente disse ter se sentido impelido a obedecer a demanda no decorrer do processo eleitoral. Ele afirmou que ficou com medo de não ser nomeado para um cargo público em caso de vitória do PT, se não realizasse a tarefa.

Os empresários teriam sido indicados pelo filho de Emília, e entre os nomes estavam: Silvana de Luca, representante da empresa Kater, que administra o Toto Bola (jogo que também é explorado em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná), Jaime Sirena, então presidente da Associação Gaúcha de Bingos, e Miguel Mucilo, dono de máquinas de videoloteria.

Segudo José Vicente, Emília Fernandes esteve presente por instantes em um dos encontros, mas ela se retirou antes que detalhes fossem falados. José Vicente disse que Emília deixou claro que seu filho e Claudio Milan, o caixa da campanha, falavam em seu nome. Ela não comentou o assunto quando procurada pela revista, alegando que se pronunciaria somente depois de conversar com o presidente do partido.  

Na matéria, a Veja reproduz trechos de e-mail enviado por José Vicente Brizola a Waldomiro Diniz, demitido do cargo de subchefe de Assuntos Parlamentares do governo federal. O ex-diretor da Lotergs diz estar à disposição de Diniz para testemunhar a seu favor. Filiado ao PT, José Vicente declarou que se desligaria do partido.

Em 2001, o governo no Estado, na época sob comando do PT, enfrentou comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Assembléia Legislativa. A CPI de Segurança Pública investigou o envolvimento da Lotergs com empresários ligados ao jogo do bicho. A denúncia foi arquivada pelo Ministério Público.

Na manhã desta sexta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se, no Palácio da Alvorada, com os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, da Casa Civil, José Dirceu, e do Planejamento, Guido Mantega. O assunto do encontro não foi divulgado, mas cogita-se que o governo esteja se preparando para enfrentar a artilharia da oposição.

Uma nova reportagem indicou que o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República Waldomiro Diniz fez tráfico de influência em 2003, quando já atuava no governo Lula. Segundo texto da edição da revista Época que vai às bancas nesta sexta, dia 20, o próprio Waldomiro Diniz teria confirmado para a publicação que em janeiro de 2003 voltou a se reunir com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

 

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