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 | 07/11/2010 18h51min

Lula vai a Moçambique conhecer fábrica de antirretrovirais financiada pelo Brasil

País africano imita modelo brasileiro dos genéricos para baratear tratamentos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega na terça-feira a Moçambique para visitar as instalações de uma futura fábrica de medicamentos antirretrovirais contra a Aids, a primeira de seu tipo no continente africano.

A viagem de dois dias a Maputo será a última que Lula faz como presidente à África, antes de, no dia 1º de janeiro, passar o poder para sua sucessora, Dilma Rousseff.

Lula escolheu fazer uma escala nesta ex-colônia portuguesa em sua viagem para participar na cúpula do G20 em Seul, segundo indicou o ministério das Relações Exteriores.

A futura fábrica de antirretrovirais genéricos, que deve começar a produzir em 2011, é o resultado de uma colaboração entre o Brasil e Moçambique, indicou, por sua vez, o porta-voz do ministério da Saúde de Moçambique, Leonardo Chavane.

O Brasil decidiu financiar em 2008 com 20 milhões de dólares parte do custo total de 26 milhões do projeto, lançado por ocasião da primeira visita de Lula ao país há cinco anos.

A fábrica funcionará com tecnologia brasileira e as matérias-primas destinadas à fabricação de oito tipos de antirretrovirais serão importadas da Índia.

O objetivo declarado do Brasil, pioneiro na luta contra a doença, é ajudar a África a obter antirretrovirais mais baratos.

O Brasil se dotou de um acesso universal e gratuito aos antirretrovirais, uma política radical adotada em 1996 e que fez do país um dos pioneiros na produção de antirretrovirais genéricos, despertando agitados debates pela resistência e a proteção das licenças de exploração. No total, 0,61% dos brasileiros é infectado pelo vírus HIV.

Assim, o Brasil é considerado hoje um modelo para os países em desenvolvimento. Segundo a agência do Banco Mundial encarregada da luta contra a pandemia, esta política salvou mais de meio milhão de vidas.

Moçambique é um dos países do mundo mais afetados pelo vírus da Aids, com 2,5 milhões de portadores, ou seja, 11,5% da população. Apenas 200.000 pacientes recebem antirretrovirais.

— Os antirretrovirais utilizados em Moçambique são comprados na Europa, Índia ou Estados Unidos, por isso são muito caros por causa dos custos de transporte — explica o porta-voz do ministério da Saúde.

— A fábrica nos ajudará a aumentar o volume dos medicamentos disponíveis localmente fazendo baixar os custos — acrescentou.

Alguns grupos farmacêuticos privados abriram pequenas unidades de produção de antirretrovirais no continente, mas a fábrica local será a primeira de caráter público que funcionará em grande escala.

Segundo o porta-voz, a fábrica começará a produção em 2011, depois de ter recebido na semana passada os primeiros equipamentos. Depois de visitar a fábrica, Lula pronunciará um discurso na Universidade de Maputo.

Ele será acompanhado pelo chefe da diplomacia brasileira, Celso Amorim, assim como pelos ministros da Saúde, José Gomes Temporão, e da Educação, Fernando Haddad.

AFP
 

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