Enquanto o PDT gaúcho se divide entre os que querem e os que rejeitam participar do governo Tarso Genro, ontem o presidente nacional da sigla sinalizou apoio ao primeiro grupo. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, simpatiza com o assédio do PT, que pretende entregar secretarias aos trabalhistas em troca de apoio na Assembleia.

> Leia a entrevista de Carlos Lupi na Zero Hora desta quarta.

Em entrevista a ZH, Lupi diz que o ingresso do PDT no Piratini “é uma tendência natural”. Líderes estaduais, no entanto, analisam a hipótese como um sinal de fisiologismo. Isso porque o partido foi o principal apoiador de José Fogaça (PMDB) na eleição.

— Defendo um pouco mais de coerência e dignidade na política. Vai parecer oportunismo: depois de participarmos de uma aliança que recém perdeu, vamos assumir cargos no governo de quem nos derrotou? — analisa Juliana Brizola, eleita a deputada estadual mais votada do PDT.

O deputado estadual Ciro Simoni (PDT) surge nos bastidores como um nome possível para assumir a Saúde. Simoni diz não ter posição definida, ainda, sobre uma eventual participação do PDT em cargos de primeiro escalão. Adroaldo Loureiro, também deputado estadual, se mostra mais alinhado à postura de Lupi. E defende que, se for para entrar, que seja com grandes cargos:

— Para participarmos, precisamos de um espaço consistente e condizente com a grandeza e a importância do nosso partido.

A ideia de Loureiro vai contra a visão do deputado federal Pompeo de Mattos (PDT), vice derrotado na chapa de Fogaça, e do presidente estadual da sigla, Romildo Bolzan. Ambos defendem independência do partido, apoiando Tarso sempre que possível. Mas sem cargos.

— Seria uma espécie de apoio crítico. Respeito o Lupi, mas não tem como, no velório do falecido, anunciar o noivado da viúva — diz Pompeo.

Juliana assume que deve ser voto vencido. Com a maioria dos prefeitos defendendo participação no governo, deverá ser este o destino do PDT.