Foi por pouco que 25 degraus não ficaram entre a professora Ligia Maria Florencio Cardoso, 54 anos, e o direito de participar das eleições. Ela saiu de casa na manhã de domingo para votar em uma nova zona eleitoral, mas, ao chegar na Escola Pref. Geraldo Wetzel, no Fátima, descobriu que a sessão ficava em uma sala no segundo andar do prédio.

O problema é que Lígia sofreu um acidente em 28 de agosto e trincou um osso das costas, por isso está usando uma faixa imobilizadora e usando bengala para auxiliar nas caminhadas, que já são exaustivas. Subir escadas estava fora de cogitação e das ordens médicas, mas a professora não queria desistir de votar.

— Me disseram que eu poderia justificar o voto em uma sala no térreo, mas eu não aceitei. Eu quero votar e não vou embora sem fazer isso — contou ela.

Como não encontrou solução, Ligia voltou para casa. Frustrada, às 15 horas ela retornou ao colégio, agora determinada a conseguir chegar ao segundo andar. Com a ajuda de outros eleitores, ela foi carregada em uma cadeira para descer e subir as escadas. As lágrimas foram inevitáveis no caminho.

— Eu não voto por obrigação, eu quero exercer a minha cidadania. Guardo a "colinha" com o nome dos candidatos para não esquecer de acompanhar o que eles estão fazendo no governo que dei a eles com o meu voto — afirma, que também acredita que a iniciativa é um protesto pela acessibilidade.

O prazo para eleitores portadores de necessidades especiais comunicarem suas restrições ao Tribunal Regional Eleitoral acabou em 3 de setembro, cinco dias após o acidente de Ligia. Na Escola Pref. Geraldo Wetzel, dois portadores de necessidades especiais votaram em salas térreas.