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 | 02/10/2010 15h23min

Os personagens do pleito em São Paulo

Eleições paulistas podem consagrar artistas e ressuscitar Geraldo Alckmin

Tiririca irá bater o recorde de Enéas? Netinho fará mais votos do que Marta? Distraídos com as figuras exóticas da política, que se reproduzem a cada eleição no Estado, os paulistas também podem soterrar ou ressuscitar nomes importantes.

Tiririca, o palhaço, é o candidato a deputado federal pelo PR Francisco Everardo Oliveira, que deve ter a simpatia de mais de 1 milhão de eleitores, segundo as pesquisas. Em 2002, Enéas Carneiro, do Prona, fez exatos 1.573.112 votos para deputado federal em São Paulo.

Netinho, o cantor, é o candidato a senador pelo PC do B José de Paula Neto. Nas últimas pesquisas, estava à frente da ex-ministra Marta Suplicy (PT). Os dois seriam eleitos senadores.

João Farias, 35 anos, bombeiro de posto de combustíveis no bairro de Pinheiros, diz com sinceridade:

– Voto em Netinho por causa do programa de TV Domingo da Gente. Ali ele analisa bem a população pobre.

Netinho é vereador. Tiririca nunca disputou uma eleição. As vitórias de ambos podem avariar carreiras vistosas. Uma delas é a do senador Romeu Tuma (PTB), que Netinho pode tirar do Congresso. Outro que corre riscos – não por enfrentar um cacareco, mas um político que a derrota na eleição à Presidência, em 2006, teria condenado ao ostracismo – é Aloísio Mercadante (PT). Ele disputa pela segunda vez o governo paulista. Foi derrotado em 2006 por José Serra. Se as pesquisas estiverem certas, será derrotado de novo pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno. Dificilmente terá uma terceira chance.

O personagem da eleição paulista não é Tiririca, tampouco Netinho. Alckmin pode ressuscitar como político e subverter o que aconteceu em 2006. Enjeitado pela cúpula do PSDB, enfrentou Lula e perdeu. Em 2008, foi esnobado ao concorrer à prefeitura. Nem foi para o segundo turno. O vitorioso, Gilberto Kassab (DEM), tinha o apoio de José Serra. Em 2009, foi convidado pelo governador Serra a assumir a Secretaria do Desenvolvimento do Estado. Estava sendo chamado de novo para a parte do ninho tucano que o rejeitava, porque as pesquisas indicavam que era o candidato forte do partido ao governo estadual em 2010 e figura decisiva na campanha presidencial.

– Alckmin e Aécio Neves darão um novo rumo ao partido – disse na quinta-feira a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS).

Serra não foi posto ao lado de Alc­kmin e Aécio pela coordenadora da agenda política do presidenciável tucano. Alckmin, estigmatizado pelo apelido de picolé de chuchu, é o personagem da eleição em São Paulo. Na sexta-feira pela manhã, ao descer de um carro para cumprimentar eleitores, arregaçou as mangas, como se fosse se dedicar a um trabalho braçal. Se for eleito, vai garantir 20 anos de governos ininterruptos de tucanos no Estado. E terá vencido, nesse reduto imbatível do PSDB, onde Dilma Rousseff – também conforme as pesquisas – pode derrotar Serra.

moises.mendes@zerohora.com.br

MOISÉS MENDES  -  Enviado Especial/São Paulo
 

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