Política | 09/08/2010 00h25min
No horário em que deveriam frequentar cursos de qualificação, vereadores aproveitam para fazer turismo. Muitas vezes, os seminários existem apenas no papel e rendem a políticos e assessores diárias que passam de R$ 500. Para mostrar o descontrole sobre os cursos, uma equipe da RBS TV acompanhou encontros em cinco estados e comprou dois diplomas falsos: um em nome de um vereador falecido e outro em nome de um atacante da seleção paraguaia. A reportagem foi ao ar neste domingo, no Fantástico.
Em todo o país, pelo menos 150 cursos e seminários para vereadores foram programados para este ano, a maior parte em cidades turísticas. Com atuação nacional, o Instituto Nacional Municipalista (INM) possui sede em Belo Horizonte (MG) e realiza eventos em "parceria" com a União Nacional dos Vereadores (UVB). Na prática, ambas as entidades pertencem à mesma pessoa, o ex-vereador de Vespasiano (MG) Clésio Drummond.
A reportagem da RBS TV acompanhou cursos promovidos por Drummond em Gramado, Belo Horizonte (MG) e Recife (PE). Em Porto de Galinhas, a 70 quilômetros da capital pernambucana, o vereador de Tubarão, Geraldo Pereira (PMDB), e a assessora da Câmara da cidade Cinara Guimarães Antunes foram gravados em trajes de verão na beira da praia, pela manhã, no horário de aulas.
- Eu não vim aqui fazer um curso de vereador. Eu vim passear - diz ele, acompanhado da mulher e da filha.
É prática comum entre os alunos o registro, de uma só vez, das presenças para todos os dias do curso, assinadas até mesmo no ato da inscrição.
Foi o que ocorreu no curso do INM promovido em Gramado, durante a Copa do Mundo. Um assessor infiltrado pela RBS TV no curso assistiu a apenas duas horas de aula. Depois de registrar suas presenças, recebeu o diploma. O recibo foi superfaturado, no valor de R$ 430, R$ 80 a mais do que o valor cobrado. A "sobra", praxe nesse tipo de seminário, fica para o aluno.
O mesmo sistema de controle de frequências foi verificado no curso da GDAM em São Carlos (SC), cidade escolhida no inverno para ser sede desse tipo de evento por ser banhada por águas termais. A empresa nega e diz que há rigoroso controle de presença.
Já em Iraí (RS), a empresa Luna Eventos vendeu a um ex-assessor de um Legislativo municipal (que participou do curso a pedido da reportagem) um diploma em nome de Antonio Ferreira Alves, um vereador de Canoas (RS) falecido falecido em 1995 e que virou nome de rua.
Em Foz do Iguaçu, o assessor comprou um certificado em nome do atacante da seleção paraguaia Roque Luiz Santa Cruz Santero.
Em Porto de Galinhas, a 70 quilômetros da capital pernambucana, o vereador de Tubarão, Geraldo Pereira (PMDB), e a assessora da Câmara da cidade Cinara Guimarães Antunes foram gravados em trajes de verão na beira da praia
Foto:
Reprodução Diego Redel
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