Principal bandeira do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na área social, o programa Bolsa-Família foi o motivo da troca de farpas entre os candidatos mais bem colocados nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). A petista criticou ontem o adversário por prometer duplicar o programa, enquanto o tucano insistiu na proposta.

Serra visitou ontem Jundiaí, no interior de São Paulo. Disse que é possível aumentar a remuneração para o programa Bolsa-Família se houver política bem trabalhada.

– Tendo um bom sistema de cadastramento (do Bolsa-Família), um bom sistema de distribuição, trabalhando com competência, do ponto de vista de recursos não é nada abusivo (duplicá-lo).

Dilma aproveitou o dia para cumprimentar eleitores na capital paulista. Ela defendeu que o Bolsa-Família não é igual ou mesmo uma junção de programas sociais lançados no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

– Acho que as pessoas têm de perceber que tem uma diferença: quem faz promessas em época de campanha e quem as realiza quando está no governo. Nós somos o último tipo, que prometemos em campanha e realizamos – disse.

A candidata do PT também fez questão de se diferenciar de seu principal oponente na disputa eleitoral:

– O Bolsa-Família não é uma continuidade de nada, é uma política nova. Fica parecendo que somos todos iguais, mas não somos. Temos visões de mundo muito diferentes.

Programa de governo petista provocou críticas de tucano

Outro tema que entrou com força na troca de farpas entre Serra e Dilma ontem foi o desacerto no programa de governo da petista. Depois de entregar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seu programa de governo com pontos polêmicos, que tratavam entre outros temas, do controle da mídia, da insituição de regras para a retirada de invasores de terra e da defesa da liberação do aborto, o PT encaminhou, horas depois, nova versão, mais amena. Serra disse ser inacreditável que Dilma tenha rubricado as folhas do programa sem ter lido.

– Diante da Justiça Eleitoral, ela assinou a proposta de governo que, em última análise, é coagir a liberdade de imprensa e facilitar invasões – disse o tucano.

Dilma tratou o assunto como insignificante. Para ela, a mudança no programa de governo não tem nenhum significado especial:

– Acho que é fazer muito barulho por nada. O que ocorreu pode acontecer com qualquer pessoa e com qualquer partido.