Eleições | 25/05/2010 15h50min
Durante o "Encontro da Indústria com os Presidenciáveis", realizado na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, a pré-candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, fez hoje um alerta em relação ao mercado de trabalho brasileiro. — Não temos um projeto, temos colagem de obras. O PAC não é um programa, é uma gestão de obras — alfinetou.
Marina salientou que o Brasil está carente de recursos humanos, mas ressaltou que é preciso aliar a base de conhecimento à base tecnológica para que o País possa crescer de forma duradoura.
— Não estamos à beira, já estamos vivendo um apagão dos recursos humanos — disse.
Ao começar sua fala, a pré-candidata destacou que o setor industrial é importante para economia, mas que não está isolado dos desafios maiores do Brasil.
— O setor está legitimamente preocupado com o crescimento da indústria, mas vamos ter que pensar um crescimento como parte da estratégia de desenvolvimento — acrescentou.
Marina disse que pretende dialogar com a sociedade e que se propõe a debater com os concorrentes porque não tem como fazer diferente:
— Tenho insistido mais no debate do que no embate entre os candidatos. Não vou conseguir convencer nem Dilma e nem Serra de que sou melhor do que eles — afirmou.
A ex-ministra do meio ambiente salientou também que a infraestrutura é fundamental para o Brasil e que não pode ser negligenciada. Marina aproveitou para atacar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do atual governo e que teve como "mãe" a agora pré-candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff.
Sem entrar em detalhes, Marina propôs, por exemplo, que parte dos recursos hoje destinados ao PAC possam ir para a previdência, que hoje está deficitária. E disse que sua equipe está preparando um programa pensando no crescimento do Brasil e levando em conta fatores para que o País não fique à mercê de um "apagão logístico".
— Estamos voltando ao período das trevas — previu.
Marina demonstrou preocupação com o nível de poupança dos brasileiros, que está em torno de 18% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto a China, por exemplo, possui taxa de 40% do PIB, e, quanto mais dinheiro os cidadão poupam, mais fica disponível para investimento.
Reforma Política
Marina Silva também disse hoje que não é possível falar em reforma do Estado de forma isolada, como a reforma política:
— Reforma política não é feita no Congresso só, é feita também nas eleições. Estamos vivendo bom momento para pensar a reforma política. Não dá para pensar que presidente, senador, deputado, acontece depois que chega ao Planalto ou ao Congresso. Começa agora.
A senadora aproveitou para apresentar sua teoria em relação aos votos dos cidadãos nas urnas:
— No primeiro turno, a gente vota em quem acredita, em quem a gente acha que é o melhor para o Brasil. No segundo turno, a gente se desvia do pior.
Para ela, o paradigma de administração do País foi quebrado com o governo Lula, mas o Brasil ainda não chegou ao fim da história, após o Plano Real, a estabilidade econômica e a inclusão social. A ex-ministra do Meio Ambiente citou, por exemplo, que não é mais possível não se ter cuidado com os recursos naturais usados para o desenvolvimento do País.
— Se não cuidarmos adequadamente da nossa produção, a nossa vantagem pode ser reduzida.
Empresariado
Outro item enfatizado por Marina foi o da burocracia, que acaba inviabilizando as pequenas empresas do País. Ela apresentou dados mostrando que, no Estado de São Paulo, um empresário que queira abrir uma empresa demora, em média, três meses, enquanto, em Minas Gerais, a espera média é de 19 dias.
— Precisamos transformar as boas ideias em políticas públicas — defendeu.
Em seguida, lembrou que o candidato a vice na chapa do PV, Guilherme Leal, é sócio da empresa de perfumes Natura:
— Meu vice começou com uma pequena empresa, com o seu FGTS, e hoje é um dos homens mais prósperos deste País.
A pré-candidata do PV ressaltou a importância do papel da indústria no Brasil e criticou a política monetária do governo para controle de inflação. Para ela, o controle através da taxa de juros não é a melhor opção, e devem ser utilizadas outras ferramentas, como a diminuição de gastos públicos.
Pré-candidatos ouviram empresários e responderam questões sobre economia
Foto:
Antônio Cruz, Agencia Brasil
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