| 15/05/2010 22h02min
Imagine um candidato atrás de você. Sedento por votos, ele envia um torpedo para o seu celular, depois aparece no e-mail, procura você no Orkut, surge também no Twitter e outra vez no Facebook. Então toca o telefone de casa, lá vai você atendê-lo e, surpresa: é ele de novo. Parece irritante? Depende.
Uma pilha de ferramentas para inflar o marketing político desembarca nessa campanha com força inédita no Brasil. Além de sites de relacionamento, mensagens para celular e outros instrumentos tecnológicos serão o diferencial da disputa que começa em julho.
Dois desafios já se impõem aos coordenadores de campanha: não importunar o eleitor – o que representaria um tiro no pé – e usar com inteligência o leque de opções para conquistá-lo. E aí a campanha de Barack Obama, vencedor da eleição presidencial americana de 2008, invariavelmente se impõe como inspiração.
– Quando Obama anunciou por mensagem de celular quem seria seu vice (Joe Biden), toda a militância ficou sabendo antes da imprensa. Esse é o segredo: produzir conteúdo atrativo para que todos queiram recebê-lo – diz o cientista político Henrique Carlos de Castro.
Embora as equipes evitem divulgar suas estratégias, fica evidente que os principais candidatos pretendem investir nos condões da tecnologia. O publicitário Fábio Bernardi acredita que, para uma candidatura a governador decolar na internet, é necessário, pelo menos, R$ 1 milhão. No caso de um aspirante à Presidência, R$ 8 milhões, no mínimo.
– Pensava-se que a internet poderia baratear alguma coisa. Muito pelo contrário: precisa-se de uma equipe atuando o dia inteiro, estrutura física razoável, boa produção de vídeos, alta segurança contra hackers, servidores de grande capacidade e banda larga – contabiliza Bernardi.
Segundo o sociólogo Marcello Barra, da Universidade de Brasília (UnB), a TV ainda é o mais poderoso instrumento. Afinal, apenas 23,8% da população conta com computador em casa, enquanto 95% têm TV, segundo dados do IBGE de 2008. Mas Barra diz que as mensagens de celular poderiam até interferir no resultado da eleição, uma vez que há hoje no país quase uma linha móvel por habitante:
– Mas é difícil que isso ocorra, ainda é muito caro para dar certo.
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