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Eleições  | 10/05/2010 03h06min

Viagens de Lula emperram aliança entre PMDB e Dilma

Presença do presidente em Estados onde há disputa entre peemedebistas e petistas retarda apoio

A atuação do principal cabo eleitoral da candidata Dilma Rousseff (PT) – o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – está melindrando o aliado mais importante da ex-ministra: o PMDB. O que incomoda os peemedebistas é a romaria do presidente pelos Estados, com destaque para aqueles em que o partido disputa o poder local com candidatos do PT.

Existe temor de que o apoio a Dilma custe derrotas que enfraqueçam a presença do PMDB nos governos estaduais após a eleição de outubro. Esta avaliação está por trás do adiamento da festa para anunciar a chapa presidencial com Dilma e Michel Temer (PMDB-SP) como seu vice.

Dilma até preparou um jantar para o vice na terça-feira passada, mas em vez da confirmação da data para comemorar a parceria – 15 de maio –, o encontro produziu o que um dirigente peemedebista batizou de “aliança da desconfiança”. A melhor tradução desta falta de confiança entre os aliados é o adiamento duplo das convenções que o PMDB nacional e o PT mineiro fariam para celebrar acordos.

Sem apoios nos Estados, Temer pode sair enfraquecido

Preocupados com o ambiente de desconfiança, os peemedebistas cobram de Temer, que preside o PMDB, que ponha rédeas nos parceiros petistas durante a campanha. O argumento neste caso é de que não podem colocar Temer como vice de Dilma e, ao mesmo tempo, ver os candidatos do partido nos Estados massacrados pela popularidade do presidente. O medo é de ver Lula nos palanques petistas.

Foi neste cenário que Temer comunicou Dilma, durante o jantar, que o PMDB só faria o encontro nacional para aclamá-lo candidato a vice em 12 de junho. Temer tem de fazer costuras políticas para sair fortalecido desta convenção e não pode prescindir de apoio se quiser ter força na aliança em um eventual governo Dilma.

– O nosso projeto não é presidencialista. É vice-presidencialista – define o deputado Colbert Martins (PMDB-BA).

Cabo eleitoral ameaçador
O PMDB disputa o governo com o PT em vários Estados, situação que preocupa sua cúpula. Abaixo, exemplos:
RIO GRANDE DO SUL
- Tarso Genro (PT) disputa com José Fogaça (PMDB). Não há possibilidade de acordo.
BAHIA
- O ex-ministro e deputado Geddel Vieira Lima (PMDB) vai disputar com o atual governador Jaques Wagner (PT).
SANTA CATARINA
- O PMDB gostaria que a senadora Ideli Salvatti (PT) desistisse de disputar o governo e saísse ao Senado, na chapa do candidato Orlando Pessuti (PMDB).
MATO GROSSO DO SUL
- O ex-governador Zeca do PT insiste em disputar o governo contra o atual governador André Puccinelli (PMDB).
MINAS GERAIS
- Era o Estado que mais preocupava a cúpula do Palácio do Planalto por ser alvo das reclamações dos pemedebistas. Em um acordo ainda frágil, o PT mineiro se prepara para desistir da candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel para ingressar no palanque do ex-ministro Hélio Costa (PMDB). Pimentel faz parte da campanha de Dilma.

ZERO HORA
Ricardo Stuckert, Divulgação / 

PMDB considera que Lula, que se vacinou sábado contra a gripe, pode prejudicar partido
Foto:  Ricardo Stuckert, Divulgação


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