A plateia selecionada para o primeiro embate eleitoral dos principais candidatos à Presidência foi composta de prefeitos, e o local escolhido, o Estado que mais municípios tem no país: Minas Gerais. Para Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), a tarde foi de cordialidades e pequenas gentilezas – com direito a discursos que soaram como música para o público – a defesa do municipalismo e das prefeituras.

O encontro, promovido pela Associação Mineira de Municípios, não pode ser definido como um debate. As regras, preestabelecidas com as assessorias dos candidatos, não permitiam que fizessem perguntas entre si. Um rol de temas e questionamentos, organizados por um mediador, deu a todos oportunidade de responder às mesmas perguntas.

Descontraído e conciliador, Serra disse que, embora possa soar como “heresia”, se for eleito, vai querer PT e PV fazendo parte de seu governo. Ele brincou, fez piada com as candidatas e fez uma brincadeira sobre futebol, levando Dilma a confessar que torce para o Atlético Mineiro. Mas não foi a vaia dos cruzeirenses que marcou sua participação.

A ex-ministra foi vaiada quando disse que o governo Lula evitou que os municípios brasileiros fossem arrasados pela crise financeira mundial porque concedeu benefícios tributários para salvar a atividade econômica.

Marina Silva foi a mais aplaudida pelos prefeitos

Foi o gancho para Serra usar um discurso típico dos prefeitos contra a União: não dá para fazer caridade com chapéu dos outros. Claro, foi aplaudido. Serra lembrou que as perdas dos municípios, com a desoneração tributária, foram de R$ 3,5 bilhões e a compensação muito menor.

Dilma, que disputa sua primeira campanha, aproveitou todas as oportunidades que teve para fazer propaganda do governo, com citações sobretudo do PAC. Perdeu a chance de responder às perguntas.

Já Serra e Marina, com anos de treino de discursos no Congresso, pareciam relaxados no primeiro confronto. Falando com dificuldade, por causa de uma gripe, a ex-ministra do Meio Ambiente foi a mais aplaudida.

Na chegada ao encontro, Serra foi vaiado por professores da rede estadual mineira, que estão em greve.