| 28/04/2010 03h17min
Aos poucos, a troca de farpas habitual entre os candidatos à Presidência vai ficando de lado para dar lugar a questões programáticas. A primeira divergência entre José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) tem como mote a proposta do tucano de criar o Ministério da Segurança Pública.
Serra prometeu criar a pasta ontem num programa de TV. Dilma desdenhou a iniciativa porque considera que o Ministério da Justiça é capaz de cuidar dos problemas da área.
– Acho que o Ministério da Justiça tem um caráter forte de segurança pública. Dentro daquela ideia de não ficar criando ministério para tudo, então eu não vejo muito importância nisso – disse Dilma ontem.
Em viagem à Bahia, Serra repetiu a promessa e negou que ela vá provocar inchaço na estrutura administrativa.
– Não é questão de inchar a máquina pública, mas de direcionar a máquina para o que é fundamental para a população – disse.
Na semana passada, em Natal (RN), Serra afirmou que o Estado tem que ser “musculoso, mas enxuto’’.
Para se contrapor à ideia do inchaço, o ex-governador paulista disse que, se for eleito, irá acabar com o Ministério de Assuntos Estratégicos, pasta comandada hoje por Samuel Pinheiro Guimarães e criada por Lula.
– Estudos de longo prazo são importantes, mas não precisa de um ministério para isso – afirmou.
Para defender a viabilidade do Ministério da Segurança Pública, o tucano citou como exemplo a separação comum entre as secretarias da Justiça e da Segurança em gestões estaduais.
Dilma rebateu o argumento, dizendo que o governo Lula deu melhores condições para o Ministério da Justiça.
Para Jorge Zaverucha, cientista político da Universidade Federal de Pernambuco, a proposta de criação de um Ministério da Segurança Pública é a “correção de uma desfuncionalidade do Estado nessa área que só existe na esfera federal’’.
Ele considera não haver sentido a Polícia Federal ser subordinada ao Ministério da Justiça. Além disso, Zaverucha afirma que uma pasta para a segurança permite maior coordenação das ações de combate ao crime.
– Não vejo sentido ter um Ministério da Pesca e não ter um da Segurança Pública, com todo respeito aos peixes – diz.
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