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 | 31/03/2010 05h10min

Viva o Inter politicamente incorreto







Hoje vou estar em uma bancada que já foi de Armando Nogueira, que aprontou essa de ir embora sem avisar e nos deixou tontos no meio da rua enquanto os carros passam zunindo pela gente.

Estou no Rio para participar do Programa Redação Sportv, a convite do meu amigo André Rizek. Entre um e outro suspiro por estar aonde Ele já esteve, terei uma missão quase impossível pela frente.

Posso apostar que o Rizek vai me perguntar, com aquele ar de espanto encomendado: "Mas Diogo, o que há com o Inter que hoje enfrenta o Cerro, do Uruguai, precisando desesperadamente da vitória?"

Bem. Como se sabe, ninguém faz a menor idéia, embora existam algumas pistas: trocar de esquema como quem muda de roupa (o Inter já tentou todos), alterar a todo instante as funções dos jogadores e algumas falências individuais, casos notórios de Taison e Edu, especialmente Edu.

O ténico Jorge Fossati não conseguiu montar um time. E nada pode ser pior do que não montar um time em um esporte tão solidário e coletivo como o futebol.

Mas quem sabe o recomeço não está em Walter? Quem sabe não está faltando ao Inter de Fossati um pouco de maluquice, de invenção, algo assim fora do roteiro? Um pouco de politicamente incorreto não seria nada mau para uma equipe previsível, com quase todo mundo atrás da linha da bola e sem um atacante que drible ou vá para cima do zagueiro.

Walter é semi-analfabeto, tem problemas familiares e de compreensão do mundo que o cerca, mal sabe falar, sumiu do Beira-Rio por dez dias em um ato de indisciplina lendário e concedeu entrevistas reclamando do técnico e dos dirigentes. Tem tudo para dar errado. Só que tem potencial para ser um centrovante demolidor, como provou na seleção sub-20. Se uma patrola bater nele, azar da patrola. Depois de um castigo relâmpago, Walter estará em campo para resolver os problemas de ataque do Inter.

Trata-se quase que de uma solução mágica, com matizes de surrealismo, mas o Inter de Fossati não está em condições de desdenhar de uma saída assim.

O touro Walter pode ao menos riscar o rastilho de pólvora. A explosão, quem sabe, venha mais adiante, com o time se encaixando no decorrer da Libertadores. Talvez sim, talvez não. Não seria a primeira vez, ao menos no futebol, que o destino aponta para o lugar certo quando tudo parece irremediavelmente enveredado para o lugar errado.

O surrealismo da "Solução Walter" pode significar o recomeço do Inter em 2010, hoje, contra o Cerro.

Será?

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ZERO HORA
Valdir Friolin / 

Com tantas mudanças, técnico conseguiu até diminuir as individualidades do time
Foto:  Valdir Friolin


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