| 30/03/2010 05h10min
A direção do Cerro pediu mil ingressos para o jogo de amanhã, no Beira-Rio. Depois foi baixando, até chegar a 500.
Este é o número de torcedores que virão de Montevidéu, a muito custo: meia centena, talvez nem isso.
A Brigada Militar não tem notícia de que os temidos barra-bravas oriundos do bairro que empresta o nome ao clube, de classe média baixa, mandarão representantes a Porto Alegre. Se isto acontecer entre hoje e amanhã, eles serão levados ao Parque Maurício Sirotsky Sobrinho e, de lá, escoltados até o estádio.
Toco neste assunto porque o vice de administração, Décio Hartmann, está pessimista em relação ao público no jogo que pode decidir o destino vermelho na Libertadores.
Ele
calcula algo em torno de 26 mil pessoas, por conta do momento ruim e das derrotas para São José e Caxias. Se a previsão se
confirmar, será vexame. Só faltava essa na vida do Inter: em um jogo destes, o Beira-Rio não lotar. Não virar caldeirão.
Hartmann é um homem experiente. Sabe o que diz. Se calcula 26 mil, é porque este é o sentimento do momento entre o torcedores, com os quais convive diariamente no Centro de Atendimento ao Sócio (CAS) e outras instâncias de aferição. Pode ser que ele esteja desafiando, matreiramente, os colorados? Talvez. Mas isso não importa.
— Quero errar, mas hoje diria que é por aí — suspira Hartmann.
O fato é que do jeito que anda o time, o fator local é o craque do Inter. Com toda a dificuldade, foi em casa que nasceu a fórceps a única vitória na Libertadores, sobre o Emelec, por 2 a 1, no jogo que gerou o exílio voluntário de Walter, após o passe para o segundo gol, de Alecsandro.
Bem, os dois estarão em campo juntos novamente, mas talvez esteja fora dele o
combustível emergencial para a escassez de vitórias.
Não pode
ser assim a Libertadores inteira, é claro: ninguém ganha só no calor da torcida. Isso é lenda. O Boca Juniors, antes do ex-presidente Maurício Macri, hoje prefeito de Buenos Aires, passou uma década sem festejar quase nada. O caldeirão da Bombonera, com um time mediano, virou morno feito banho maria.
Mas para um jogo só, no qual a vitória é imprescindível, o fator local pode decidir. Em Rivera, no Atílio Paiva, havia 26 mil colorados, curiosamente.
Só que o torcedor da Fronteira não está habituado a jogos de futebol deste tamanho. Apoiou, mas não cantou o tempo todo, não fez pressão. Eu estava lá, encarregado da cobertura para Zero Hora. A torcida apenas assistiu ao jogo.
No Beira-Rio deve ser diferente. Isso se o público ir a 35 mil, no mínimo. Se ficar nos 26 mil, bem, aí vai ser ainda mais difícil para o trôpego Inter de Jorge Fossati.
ZERO HORA
Com tantas mudanças, técnico conseguiu até diminuir as individualidades do time
Foto:
Valdir Friolin
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