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 | 24/02/2010 04h44min

Em Ijuí, saúde prevê epidemia de dengue pior do que a de 2007

Operação de guerra tenta evitar que doença se alastre rumo à Região Metropolitana

Juliana Bublitz  |  juliana.bublitz@zerohora.com.br

Alvo de um surto de dengue, Ijuí, no noroeste do Estado, tem apenas sete casos confirmados, mas já são cerca de 300 pessoas com os sintomas da doença – e a Secretaria Estadual da Saúde (SES) projeta que até o fim da semana elas podem ultrapassar a marca de mil.

A secretaria lançou ontem uma operação de guerra para tentar conter o avanço do Aedes aegypti na região e acalmar a população do município. A força-tarefa é maior do que a empreendida em Giruá, em 2007, que registrou mais de 600 casos suspeitos – a prefeitura do município parou de contar o número de doentes quando alcançou essa marca.

Para temor dos habitantes do bairro São Paulo, considerado foco do surto em Ijuí, a chuva que desabou ontem deu sobrevida aos mosquitos.

Em função do mau tempo, técnicos não puderam dar continuidade à aplicação de inseticida. As duas caminhonetes equipadas com pulverizadores, enviadas na segunda-feira pelo governo do Estado, também ficaram paradas. Enquanto isso, a água se acumulou e formou poças por todo o bairro, principalmente nos entulhos de uma área onde serão construídos 36 apartamentos populares. Para o coordenador Regional de Saúde, Erlon Becker, são grandes os riscos de novos focos, acelerando a proliferação de mosquitos.

Mais dias de calor pela frente preocupam

O secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, observa que a estratégia de agora difere da executada em Giruá. Há suspeita de que o vírus em circulação em Ijuí seja diferente do encontrado em 2007. Se isso for confirmado, os 268 infectados há três anos se encontram em uma situação preocupante. Se forem recontaminados, estão sujeitas a contrair a doença em sua forma mais agressiva.

– Nesses casos, se a pessoa contrair o vírus novamente, pode morrer de dengue hemorrágica – alertou Francisco Paz, diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde.

Há ainda outros dois complicadores. O município é quase cinco vezes maior do que Giruá e, desta vez, a doença apareceu em fevereiro – e não em abril –, o que significa que serão mais dias de calor pela frente.

Para a operação de guerra, é esperada a participação de pelo menos mil militares do Exército. Eles não ficarão apenas em Ijuí – mas o número é cinco vezes maior se comparado ao que entrou em ação em Giruá.

Além de facilitar acesso a locais inóspitos, os militares serão importantes para ampliar as equipes de saúde. A intenção da SES é mapear as cidades onde ocorrerão os mutirões, dando prioridade a Ijuí, que precisa de mais equipes do que Giruá, em função do tamanho. Até o momento, 54 dos 496 municípios gaúchos identificaram a presença do mosquito.

Entre as outras estratégias previstas, está recriar a força-tarefa da prevenção à gripe A, com integrantes das secretarias da Saúde, Meio Ambiente e Educação, além da Defesa Civil e da Brigada Militar. Outra medida será aumentar o repasse de dinheiro. Para Ijuí, o Estado mandará verba para que postos de saúde fiquem abertos até as 22h. Cada unidade receberá um incentivo de R$ 6 mil mensais. O Estado ainda aumentará em 20% o repasse dos recursos de exames clínicos e laboratoriais, além da verba para internação. Cerca de 50 técnicos estarão mobilizados na região de Ijuí.

A prevenção tenta evitar que a dengue chegue à Região Metropolitana, o que poderia resultar em mais de 200 mil doentes e 20 mil hospitalizações, nos cálculos da Saúde.

Porto Alegre em alerta

O surto de dengue em Ijuí levou a prefeitura de Porto Alegre a emitir um alerta epidemiológico. Segundo o documento da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde, “a situação é de grande risco epidemiológico para todos os municípios onde há presença do vetor.”

O medo das autoridades é o de que o vírus da dengue chegue à Região Metropolitana por meio de um viajante oriundo de Ijuí. Por causa da presença do mosquito transmissor, a Capital correria o risco de ser palco de um surto da doença. Há pelo menos sete bairros em situação considerada preocupante, onde foram detectados índices de infestação do Aedes aegypti considerados altos.

Para evitar o alastramento da epidemia, o secretário municipal da Saúde, Eliseu Santos, lançou uma campanha de conscientização, que deve tomar as ruas da Capital.

– Vamos entregar panfletos de alerta em táxis, nos ônibus, nas igrejas e na rodoviária. Cada cidadão tem de assumir sua parte na prevenção da dengue e cuidar do seu pátio para que não haja calha nem vasos com acúmulo de água – disse Santos.

Hoje, a coordenação do Programa Municipal de Prevenção à Dengue fará reunião com a direção da Rodoviária para a adoção de medidas de controle. Passageiros oriundos de Ijuí receberão planfletos ao desembarcar com orientações sobre os sintomas da dengue e onde procurar ajuda.

Mapa do mosquito

Alto risco

Confira o Índice de Infestação Predial (IIP) de levantamento realizado em Porto Alegre em janeiro, por bairro.

Jardim Carvalho, Agronomia: 4,0

Bom Jesus, Jardim do Salso: 4,3

Cel. Aparício Borges, Vila João Pessoa: 5,7

São José: 5,5

Médio risco

São Sebastião, São João, Cristo Redentor, Santa Maria Goretti, Jardim Floresta, Jardim Lindoia, Jardim São Pedro: 3,7

Auxiliadora, Mont´Serrat, Bela Vista, Petrópolis, Jardim Botânico, Rio Branco: 2,6

Menino Deus, Santa Cecília, Santana, Praia de Belas, Azenha, Cidade Baixa: 1,2

Passo das Pedras, Jardim Itu-Sabará: 1,5

Partenon, Santo Antônio: 2,6

Protásio Alves, Mário Quintana: 2,8

Medianeira, Glória, Cascata: 3,6

Vila Nova, Cavalhada: 1,5

Nonoai, Teresópolis: 3,9

Camaquã, V. Assunção, Cristal: 1,2

Lomba do Pinheiro (parte do bairro): 3,1

Santa Tereza: 1,7

*Colaborou José Luis Costa

Em gráfico, saiba quais são os sintomas e como evitar a proliferação do mosquito da dengue.


 

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