| 26/12/2009 21h16min
Quando um jovem decide escolher a carreira profissional, a profissão do pai é sempre uma das opções. E no mundo do futebol não é diferente. Não é raro encontrar filhos de grandes jogadores que também tentam o sucesso nos gramados, mas são poucos os que conseguem a mesma projeção dos pais. Exemplos não faltam, como Edinho, filho de Pelé, que foi goleiro do Santos, mas não teve grande êxito. Ou Verón, que, assim como o pai, conquistou a Copa Libertadores pelo Estudiantes, da Argentina. Ou ainda o filho de Zico, que joga em pequenos clubes do Brasil.
Além das dificuldades normais que todo jovem encontra para tornar-se um jogador de futebol profissional, os filhos de ex-craques da bola ainda precisam aprender a lidar com as comparações, quase sempre inevitáveis. O técnico das categorias de base do Flamengo, Armênio Moura, afirma que a família é importante para o futuro dos garotos:
— A cobrança da mídia em filhos de ex-jogadores é muito grande. Precisa ser
administrada pela família dos garotos.
Ter o pai como ex-atleta influencia, sim — afirma.
A opinião de Moura é compartilhada pelo ex-jogador Paulo Roberto, lateral-direito campeão do Mundo pelo Grêmio em 1983. Ele tem um filho nas categorias de base do Grêmio e outro nas do Inter, e diz que outro problema enfrentado pelos garotos é a inveja:
— Às vezes acham que filho de jogador de futebol é mais fácil. Para algumas coisas pode ser, mas para outras não é. Tem muita cobrança em cima deles por isso. Têm algumas pessoas dentro do próprio clube que ficam com inveja — diz.
Lucas ganha experiência fora do RS
Um dos herdeiros do campeão mundial pelo Tricolor é o atacante Lucas, de 14 anos, emprestado pelo Inter ao Cruzeiro para a disputa da Copa Votorantim, principal competição nacional da categoria sub-15.
— Tudo serve como experiência na vida dele. É a primeira vez que ele fica
longe de casa. Para nós, pais, é sofrido, dói o coração. Mas faz parte. Para uns acontece mais cedo e para outros, mais tarde. Para ele está acontecendo agora e, como experiência, está sendo excelente. Depois ele vai decidir se ele quer voltar ou ficar no Cruzeiro — disse.
Lucas se espelha no astro português Cristiano Ronaldo, diz o pai. É um atacante de velocidade, que atua servindo o centroavante na equipe.
— Ele também gosta de jogar como meia. Bate bem na bola — conta, orgulhoso.
Matheus segue os passos do pai
O outro filho de Paulo Roberto é o meia Matheus, da categoria sub-17. Ele disputará o Torneio Internacional de Santiago, no início do ano. Titular da equipe da categoria 92, o garoto se destaca pela versatilidade.
— Teve um amistoso e ele foi titular. Ele joga tanto como segundo volante quanto como meia, e no último jogo, ele foi ala no segundo tempo —
declarou.
O desejo de Matheus é se tornar titular na equipe principal do Grêmio. Paulo
Roberto admite que o fato de ser filho de um campeão mundial pelo Tricolor motiva o jovem meia.
— Ele não fala isto abertamente, mas no fundo, eu acredito que sim. Eu tenho honra de ver o letreiro onde diz “campeão do mundo” e saber que fiz parte das campanhas na Libertadores, no Brasileiro e no Mundial. No fundo, ele sente este orgulho e quer fazer algo assim. Para mim também seria uma felicidade muito grande se ele conseguisse ser titular do time profissional do Grêmio. Seria muito importante para mim vê-lo entrando em campo no Olímpico vestindo a camisa tricolor — afirmou.
Conheça histórias de sucesso - e outras nem tanto - de filhos de jogadores:
Casos de Sucesso
Um dos poucos campeões da Copa Libertadores de 2006 que segue no Beira-Rio, o zagueiro Fabian Guedes
também é filho de ex-jogador. A referência ao pai começa no próprio nome. Apesar
de ser batizado Fabian, todos o conhecem como Bolívar, nome do pai. Bolívar pai, como é chamado, atuou pelo Grêmio, Portuguesa e Inter de Limeira.
Na Argentina, o Estudiantes conquistou o tricampeonato da Libertadores da América entre 1968 e 1970. O grande destaque da equipe era Juan Ramón Verón, apelidado de “La Bruja”. Em 2009, quase 40 anos depois, a equipe conquistou a América novamente. Desta vez, liderada por Juan Sebastián Verón, o “La Brujita”. Assim como o pai, Juan Sebastián teve uma carreira de sucesso. O jogador argentino teve passagens por Sampdoria, Inter de Milão. Manchester United e Chelsea.
Outro caso de sucesso é o do meia Djalminha, que encerrou a carreira em 2005, no América do México. Seu pai, o zagueiro Djalma Dias, fez sucesso no Palmeiras, no Santos, no Botafogo e na Seleção
Brasileira. Djalminha começou no Flamengo e teve
passagens por Guarani, Palmeiras, La Coruña e Seleção Brasileira, pela qual foi campeão da Copa América em 1997. E a terceira geração da família já tem um representante: o atacante Diego, que atua nas categorias de base do Flamengo.
Quando não se confirma
Já Edinho, filho do maior jogador do mundo, Pelé, também resolveu seguir a carreira do pai, mas em uma posição bem diferente: a de goleiro. A escolha evitou comparações com o Rei do Futebol. Edinho jogou na Portuguesa Santista, São Caetano e Ponte Preta, mas se destacou no Santos, onde foi vice-campeão brasileiro em 1995.
O goleiro sempre foi considerado um jogador mediano, e ficou longe da fama do pai. Após encerrar a carreira no futebol, teve problemas com a Justiça. Em 2005, foi acusado de ter ligações com um empresário que supostamente lideraria um grupo de traficantes. Edinho acabou preso e ficou um ano na cadeia. Em 2007 foi solto por um Habeas Corpus concedido pelo
STF, que entendeu que o ex-jogador estava preso
há muito tempo ser ter sido julgado. O processo foi reaberto em 2008.
Outra história de pouco sucesso é o de Thiago Coimbra, filho de Zico. O meia começou nas categorias de base do CFZ, time do pai, e do Flamengo, onde o Galinho é ídolo. Também atuou por Coritiba, Paulista, no português Portimonense, Madureira e Cidade Azul, de Tubarão, em Santa Catarina.
Apesar de passar por diversos clubes, o jogador de 26 anos não conseguiu se firmar em nenhum. Alguns creditam o insucesso do atleta às comparações feitas com o seu pai. Enquanto Zico encerrou a carreira com 826 gols, Thiago ainda não balançou as redes nenhuma vez.
Nos gramados da América
Dois filhos de ex-jogadores colorados de décadas passadas já brilham fora do Brasil.
Nascido em Porto Alegre e naturalizado uruguaio, o lateral-direito Mattias Aguirregaray atua no Peñarol e na seleção celeste sub-20. As atuações no Mundial da categoria, realizado neste ano no Egito, despertaram até mesmo o interesse da Juventus, segundo o site italiano Calcio Mercato. Seu pai é Óscar Aguirregaray, ex-zagueiro colorado dos anos 80.
Campeão da Copa do Brasil de 1992 pelo Inter e da Copa América de 1979 pela seleção paraguaia, o ex-goleiro Fernandez agora está de olho nos jogos do Estudiantes. É que seu filho, o também arqueiro Roberto Junior Fernandez Torres, joga pela equipe argentina. O garoto começou a carreira no Cerro Porteño, que também foi o primeiro time do pai, e foi emprestado para o atual campeão da Copa Libertadores.
Promessas
A safra vem se renovando a cada dia. Na última semana, o filho do atacante Bebeto, que nasceu durante a Copa do Mundo de 1994, foi convocado para a seleção brasileira sub-16. Ele ficou conhecido pela coreografia do pai nas quartas-de-final da competição. Bebeto fez um dos gols contra a Holanda e homenageou o filho recém nascido ao balançar os braços como se estivesse embalando um bebê.
Mesmo ainda novos, os garotos já vão conhecendo as dificuldades da carreira. Um exemplo é Bruno Donizete, filho do ex-botafoguense Donizete, o Pantera Negra. Levado ao Inter pelo empresário Gabriel O Pensador, o atacante de 18 anos não convenceu no Beira-Rio e acabou sendo dispensado.
Confira abaixo quais filhos de ex-atletas ainda podem virar craques:
Matheus, 17 anos, filho de Paulo
Roberto
Joga de segundo volante e de meia. Possui um bom porte físico. O garoto foi elogiado pelo técnico Paulo Autuori, segundo Paulo Roberto. O ex-treinador do Grêmio assistiu um jogo de Matheus nas categorias de base do Grêmio e destacou sua inteligência para jogar, sem saber que ele era filho de um campeão mundial pelo próprio clube.
Lucas, 14 anos, filho de Paulo Roberto
Joga como atacante e se inspira em Cristiano Ronaldo. Apesar de marcar alguns gols, sua principal característica é a armação das jogadas para o centroavante. Segundo o próprio pai, é rápido, ágil e bate bem na bola. Apesar de treinar no Inter, atualmente está no Cruzeiro, onde deve permanecer por um mês.
Mattheus, 15 anos, filho de Bebeto
O técnico da seleção brasileira sub-17,
Lucho Nizzo, não gosta de comparações entre Mattheus e o pai Bebeto. Afirma que são
posições diferentes, e até mesmo tipos físicos distintos. O tetracampeão em 1994 era atacante, e o filho atua no meio-campo pela esquerda.
Romarinho, 16 anos, filho de Romário
O filho do tetracampeão começou nas quadras de futsal, mas já veste a camisa 11 nas categorias de base do Vasco. Também joga como atacante, e as semelhanças não param por aí: ele marcou seu primeiro gol em um amistoso do time sub-15 cruzmaltino no Espírito Santo, mesmo estado onde o pai balançou as redes pela primeira vez.
Rodrigo, 16 anos, filho de Roberto Dinamite
Herdeiro do atual presidente do Vasco, Rodrigo joga de atacante nas categorias de base do clube carioca. A semelhança com o pai
fica por conta do chute forte, das cobranças de falta e do apelido: ele também é
conhecido por Dinamite. O jovem atleta revela que aprendeu a cobrar faltas com o pai, que ensinou o jeito certo de pegar na bola e a reação do goleiro.
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