| 09/07/2009 13h10min
Foto: Alexandre Lops, Divulgação
Inverteram-se os papéis. A LDU, que veio a Porto Alegre calçando as sandálias da humildade para enfrentar o time da moda no Brasil, àquela altura mais preocupado com a decisão da Copa do Brasil diante do Corinthians, agora flana de confiança.
O Inter de Taison (foto, no estádio Casa Blanca), antes favorito ao bi da Recopa Sul-Americana, tornou-se zebra. É mais ou menos nestes termos que equatorianos, time, mídia e torcida, encaixam o jogo desta noite, em Quito.
Pois aí está um elemento que pode ajudar o Inter a
reverter a expectativa e erguer sua primeira taça oficial no campo do inimigo: o otimismo exagerado. O popular salto alto.
Na
terça-feira, 48 horas antes da final de hoje, sabe aonde os jogadores equatorianos passaram o dia? Fazendo compras no shopping. O treino foi marcado só para 18h. Um tanto tarde para dias que antecedem uma decisão, quando o foco deve ser única e exclusivamente o adversário.
Vale lembrar: para o futebol do Equador, trata-se de uma Copa do Mundo. Se a LDU confirmar a vitória por 1 a 0 no Beira-Rio, terá alcançado o segundo título além fronteiras da história do país. O primeiro foi a Libertadores do ano passado, diante do Fluminense, pela própria LDU.
Só que o ótimo desempenho em Porto Alegre mudou o astral dos equatorianos. De certa forma, nem dá para condená-los.
Eles vieram ao Brasil, armaram uma retranca intransponível, apostaram em um único atacante lá na frente e, através deste atacante, Cláudio Bieler, fizeram 1 a 0. Duas semanas depois da façanha, em vez de mergulhar no clima de concentração total, a LDU se permitiu
uma pequena folga.
O volante Henrique
Vera foi às compras com a mulher e os dois filhos. Almoçaram todos juntos, inclusive. À tarde, passearam mais um pouco. O capitão Patrício Urrutia fez o mesmo com seus familiares. A esposa de Ulisses de la Cruz veio da Inglaterra para confraternizar com o marido. A concentração começou apenas ontem. E, mesmo antes do treino, a direção do clube permitiu um último contato dos jogadores com seus familiares.
É um ambiente mais festivo, menos estressado, compreensível para um time que venceu em Porto Alegre com tanta autoridade e, hoje, ainda tem a altitude de 2,8 mil metros como reforço. A lógica é que o mais difícil já passou. A imprensa local nem destina muito espaço ao Inter. E, quando o faz, erra feio. Parece não estar muito preocupada. Parece, eu disse.
Repare só nesta estranha escalação, com direito a foto de cada jogador, publicada ontem na versão online do jornal El Comercio, o mais importante do país: Lauro, Marcelo Cordeiro (isso mesmo, na lateral-direita),
Índio, Álvaro (em vez de
Danny) e Kleber; Sandro (lesionando, nem viajou), Guiñazu, Andrezinho (Magrão virou reserva) e D'Alessandro; Alecsandro (e Taison?) e Nilmar.
Tudo isto está sendo cuidadosamente recolhido e irá para dentro do vestiário, como forma de encher o tanque colorado de combustível contra a LDU, a altitude e os críticos.
Pode ser que a tática de vitaminar o ambiente por conta do salto alto equatoriano se revele insuficiente para levar o Inter ao seu quinto título continental. Mas qualquer recurso dentro dos limites da ética e da desportividade vale para ser campeão. A Recopa não é a Libertadores ou o Mundial, mas nem só de Libertadores e Mundial vive o futebol.
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