| 28/06/2009 17h35min
A pedra estava em todo lugar. Transformava as pessoas. O olhar de maldade era percebido em volta do consumo desenfreado. A moto, a bicicleta, a televisão. Pertences que ficavam para trás em troca do vício. Os amigos não eram mais os mesmos. Magros e com o sofrimento no rosto, deixavam a vida ir embora.
O cotidiano de destruição ocasionado pelo crack incomodava os amigos Kim-C, Kafanha e Gean, integrantes do grupo de rap de Florianópolis FV.Coerente, um dos mais conhecidos entre a nação hip-hop de Santa Catarina.
Eles saíram de comunidades afetadas pela desigualdade social, como a Vila Aparecida, no Continente, e com graves problemas de criminalidade.
O grupo carrega em suas músicas mensagens contra a violência, os crimes brutais e revela a luta das comunidades consideradas reféns do sistema. Com a proliferação do crack, droga que além de devastar vidas impulsiona crimes no Estado, os três decidiram utilizar a música como bandeira da
prevenção.
Grupo pretende gravar clipe,
por isso busca colaboradores
Sai da Pedra Marisco é a mais nova música do FV.Coerente. A composição foi feita há um ano a partir da constatação do alcance da pedra entre os jovens. Ela relata as fases em que o usuário passa, tanto no aspecto físico quanto moral. Traz os efeitos prejudiciais ao organismo, o drama gerado às famílias, a falsa sensação de poder, de euforia, mas que no fim causa dependência química e mata.
— Procuramos levar a mensagem contra o crack por meio de metáforas e gírias que estão ao nosso redor. O movimento do rap já alerta há muito tempo para um problema que só continua, que hoje atinge toda a sociedade e não só a periferia — diz o Mc Kim-C, 27 anos, criado na Vila Aparecida.
Para o grupo, o envolvimento com a música resgata os valores e pode salvar a juventude do crack. Kim-C, Kafanha e Gean sabem o quanto é difícil para quem vive na comunidade pobre não se envolver com o tráfico e o com o consumo. A
música, no exemplo deles, também tornou-se
profissão – o FV.Coerente foi formado em 1996 e com toda a dificuldade existente no meio já conseguiu gravar dois CDs profissionais, tornando-se referência para os fãs do hip-hop do Estado.
Atualmente, o grupo deseja gravar um vídeo- clipe da música Sai da Pedra Marisco e busca interessados em colaborar com a iniciativa. O telefone do grupo é o (48) 8446-8297.
Charles tomou gosto pelo violino
O gosto pela viola nasceu no colégio, em uma visita da equipe da Fundação Franklin Cascaes, órgão municipal da cultura da Capital.
O estudante Charles André Espíndola, morador do Morro da Queimada, área central, tinha 13 anos quando interessou-se pela música. Foi uma exceção entre os próprios amigos, revela o garoto de 16 anos, pois avalia que o incentivo a esse meio ainda é pouco difundido nas áreas menos favorecidas economicamente.
Charles melhorou a autoestima, as notas também subiram. Mas
percebeu mesmo o resultado da iniciativa quando retornou ao morro: Charles
começou a entender melhor a realidade e distanciou-se da vida do crime e das drogas.
— Infelizmente há essa realidade das drogas em todo o lugar. É uma pena que nem todos consigam oportunidade de ficar de fora — ressalta Charles, que especializou-se em tocar violino e atualmente ensina os novos alunos no projeto Orquestra-Escola.
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