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 | 12/02/2009 07h05min

Gre-Nal do Século, pelas semifinais do Brasileirão de 1988, faz 20 anos hoje

Saiba onde estão os joagadores das duas equipes hoje

Carlos Guilherme Ferreira e Leonardo Oliveira  |  carlos.ferreira@zerohora.com.br - leonardo.oliveira@zerohora.com.br

Faz 20 anos hoje. Parece que acabou ontem. O Gre-Nal do Século completa duas décadas e talvez ainda demore outras mais para que seja superado em emoção e drama. Depois dele, já houve 77 clássicos. Nenhum tão eletrizante.

Reveja gols, fotos e personagens e saiba por que foi importante

Os jogadores se arrepiam ao falar daquele domingo de calor perto de 40ºC em Porto Alegre. Quase 80 mil ingressos foram vendidos para o confronto no Estádio Beira-Rio. Um Grêmio altivo, dono das ações e surpreendente fez 1 a 0 aos 16 minutos, com Marcos Vinícius. O drama do Inter aumentou com a expulsão de Casemiro aos 37. O Grêmio passou a errar gols. Foram tantos que o cordato Rubens Minelli perdeu as estribeiras no vestiário. O que abriu o caminho da derrota, garante Alfinete, o lateral-direito daquele time:

— O time estava com alegria, leve. No vestiário, o Minelli deu uma bronca e tirou o brilho do time. Disse que estávamos de brincadeira, de palhaçada. Ali perdemos o Gre-Nal.

No outro lado do Beira-Rio, Abel Braga fez o contrário. Em vez de xingar, se encostou em um canto do vestiário e ficou por 10 minutos fitando o nada. O centroavante Nilson sentou nas espreguiçadeiras de madeira e pensou:

— Hoje não vai ter jeito mesmo.

Antes de mandar o time a campo, Abel saiu da letargia e anunciou que Diego Aguirre entraria no lugar do volante Leomir. O ponta-esquerda Edu fecharia o lado esquerdo com Norberto. Ao mandar todos a campo, o técnico gritou:

— Vocês fizeram essa caca. Agora entrem lá e resolvam.

Gols de Nilson desestruturam o Grêmio de Rubens Minelli

Nilson entendeu o recado. Aos 16, empatou o jogo. Aos 26, virou, ao aproveitar cruzamento de Maurício. Na comemoração, imitou o personagem Sassá Mutema, um cortador de cana interpretado por Lima Duarte na novela O Salvador da Pátria. Maurício garante que o cruzamento foi mecânico.

— Quando ia em direção à área, ele (Nilson) corria para o segundo pau. Sabia onde mandaria a bola. Chutei e ele botou o biquinho. Metade do gol é meu – diverte-se.

Naquele instante, os jogadores do Grêmio já não se entendiam.

—No segundo gol, nosso time se perdeu. Ninguém acreditava. O Minelli alertou para ficarmos espertos – recorda o ponteiro-esquerdo Jorge Veras.

Nilson lembra de ver os jogadores do Grêmio discutindo em campo. Mazaropi, lá de trás, havia diagnosticado antes da virada um relaxamento do time. O mesmo que havia enfurecido Minelli no vestiário. O meia do Inter Luís Carlos Martins se desdobrava em campo e ainda tentava entender a engenharia tática feita por Abel Braga:

— Este Gre-Nal dificilmente será superado, pelas circunstâncias. O Abel fez o contrário, ficamos com quatro atacantes.

Depois de fazer o 2 a 1, Nilson se virou para a torcida e, acenando com as mãos, gritava:

— Tchauzinho, acabou para vocês.

A poucos minutos do fim, Maurício foi substituído e saiu de braços abertos, imitando um avião. Os colorados, ensandecidos, pareciam não acreditar no que viam. Os gremistas, abalados, também não.

Na semana do jogão...

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JORGE VERAS

"Sempre tive bons momentos nos Gre-Nais. Foi o único que me deu tristeza."

MAZAROPI

"Foi o único clássico valendo algo contra o Inter que perdi."

MAURÍCIO

"É um Gre-Nal que jamais será esquecido pelos dois lados."

NILSON

"O Grêmio fez um primeiro tempo espetacular. Se fosse 5 a 0 não seria absurdo."

Para você ler

O Gre-Nal do Século é pano de fundo do ótimo romance O Segundo Tempo (2006), do escritor gaúcho Michel Laub. Na obra, ele narra a história de um guri gremista de 15 anos que, no Beira-Rio, divide-se entre a atenção ao jogo e o dilema de contar para o irmão caçula sobre a separação de seus pais. O livro foi finalista de um das mais importantes premiações em língua portuguesa, o Prêmio Portugal Telecom. Companhia das Letras, R$ 34.

Onde eles estão

INTER

1) Luis Carlos Winck (lateral-direito) – Técnico, comanda o São Raimundo-AM.

2) Taffarel (goleiro) – Empresário de jogadores, mora em Porto Alegre.

3) Nenê (zagueiro) – Trabalhou como técnico por 11 anos nos EUA. Em 2009, treinará um time chinês.

4) Norberto (volante) – Auxiliar de Lori Sandri no Marítimo.

5) Casemiro (lateral-esquerdo) – Técnico do Fortaleza.

6) Aguirregaray (zagueiro) – Pecuarista, tem fazenda em Artigas e trabalha como auxiliar de Sérgio Markarián no Universidad de Chile, adversário do Grêmio na Libertadores.

7) Maurício (atacante) – Mora no Rio, onde trabalha no projeto social Craque do Futuro. Tentou se eleger vereador no Rio.

8) Leomir (volante) – Auxiliar de Abel Braga no Al-Jazira.

9) Nilson (atacante) – Tinha um bingo no interior paulista e busca emprego como auxiliar técnico.

10) Luís Carlos Martins (meia) – Foi auxiliar de Guilherme Macuglia no Coritiba e no Joinville. Em 2008, treinou o Inter, de Lages. Está em Porto Alegre à espera de propostas.

11) Edu Lima (atacante) – Foi técnico do Fluminense-BA.

Técnico: Abel Braga – Treina o Al-Jazira, dos Emirados Árabes.

GRÊMIO

1) Mazaropi (goleiro) – Técnico do Santo Ângelo.

2) Trasante (zagueiro) – Dono de escolinha de futebol em Montevidéu. Tinha programa sobre futebol em rádio uruguaia.

3) Alfinete (lateral-direito) – Treinou o Brasiliense em 2008. Aguarda propostas em Jaú (SP), onde mora.

4) Luís Eduardo (zagueiro) – Auxiliar-técnico no Cerâmica, de Gravataí.

5) Bonamigo (volante) – Técnico, está sem clube desde que saiu da Ponte Preta em setembro. Está em Curitiba.

6) Aírton (lateral-esquerdo) – Mora no Rio, onde foi auxiliar técnico.

7) Cuca (meia) – Técnico do Flamengo.

8) Jorginho (meia) – Dono de escolinhas em Maríia (SP).

9) Marcos Vinícius (atacante) – Trabalha com escolinhas conveniadas à Secretaria de Esportes de Belo Horizonte.

10) Cristóvão (meia) – É auxiliar técnico de Toninho Cerezzo no Al-Shabbab, dos Emirados Árabes.

11) Jorge Veras (atacante) – Auxiliar técnico de Casemiro no Fortaleza.

Técnico: Rubens Minelli – Aposentou-se e vive entre São Paulo e seu sítio, no interior paulista.

 Banco de Dados / 

O centroavante Nilson corre para comemorar o gol que confirmou o Inter na final do Brasileirão e na Libertadores
Foto:  Banco de Dados


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