| 14/09/2008 14h45min
Mário Jardel Almeida Ribeiro, de 34 anos, ou simplesmente Jardel, está feliz da vida em Santa Catarina. Mais de dois meses após ser anunciado como reforço do Criciúma para a Série B do Brasileirão, o jogador afirmou que está satisfeito com o seu rendimento e quer provar que pode ser aquele jogador que encantou as torcidas do Grêmio, do Porto e do Galatasaray.
Na entrevista ao Diário Catarinense, ele fala dos seus objetivos no Criciúma após o final do contrato, que se encerra em novembro, e ainda comenta sobre a repercussão das declarações sinceras sobre o uso de cocaína.
Diário Catarinense — Como está a cabeça do Jardel?
Jardel — A cabeça do Jardel está colada junto ao corpo (risos). Estou fazendo meu trabalho, chegando nos horários e fazendo o que eu gosto mais, que é jogar futebol. Não estamos numa posição muito boa, porque acumulamos
derrotas consecutivas, mas começamos um ciclo novo.
DC —
Você está satisfeito com o seu rendimento?
Jardel — Estou satisfeito porque faz um ano e meio, dois anos, que não jogava 90 minutos. No máximo, 45. Agora estou tendo essa seqüência e estou sentindo que posso ser aquele Jardel de antigamente, mesmo com 34 anos.
DC — Você acha que está melhor fisicamente ou emocionalmente?
Jardel — Estou bem de cabeça e fisicamente. É importante você ter o apoio e sentir acarinhado pelo que eu passei. Não foi uma coisa de outro mundo, mas tudo depende da gente. O ser humano é complicado e, graças à Deus, venho aprendendo um pouco da Bíblia, para que eu possa me afastar das más amizades, do mau caminho. A carne é fraca, às vezes. Todos nós somos pecadores, o diabo atenta a nossa vida, e eu tenho sido forte.
DC — Você fica chateado quando
jornalistas que não acompanham o seu cotidiano dizem que você ainda está fora de forma?
Jardel — Estou habituado. Isso é gente que não tem o que falar, que não gosta de mim e quer me botar para baixo. O importante são as pessoas que estão me vendo aqui, como o treinador, o presidente, as pessoas que me acompanham. As pessoas que querem realmente conhecer o Jardel, venham e podem ver, é a coisa mais linda do mundo (risos). Estou mais forte, é lógico, fazendo mais musculação, mas me sinto bem. Já passei por muita coisa e vou passar, mas só me fortalece.
DC — Você já está habituado a Criciúma?
Jardel — Estou. Gosto da cidade. Conheço o supermercado, o estádio do Criciúma, o Criciúma Clube (restaurante) e o shopping. Sou muito conhecido, não posso sair muito e não posso dar brecha para o azar. Nos momentos de folga, tenho que estar com a família. Minha esposa está grávida agora, e estou feliz.
DC —
Tem saudades do assédio em Porto Alegre e Portugal?
Jardel —
Tenho saudade, mas pelo lado positivo, pelas coisas boas. No momento em que estava bem todo mundo vinha e puxava meu saco. E nos momentos ruins ninguém me liga. Também não ligo e vou aprendendo com essas coisas.
DC — Você cogita a possibilidade de renovar o contrato que expira no final do ano com o Criciúma?
Jardel — Posso dizer que, se for bom para o Criciúma e para mim, as coisas acontecem naturalmente. Estou fazendo um bom trabalho e espero continuar fazendo isso até o final de novembro e não quero parar.
DC — O Criciúma pode sonhar ainda com o G-4?
Jardel — Nós não temos time para estar no meio (da tabela). Temos que estar entre os quatro, pela tradição e jogadores que temos.
DC — Na sua chegada, você declarou
que pretendia ajudar, porque você é daqueles jogadores que fazem bem para o grupo. Em algum momento você fez pressão para ser escalado?
Jardel — Eu sou bom de grupo. Eu não sei quem inventou isso. Eu falei que gostaria muito de jogar aquele jogo (contra o Juventude), como qualquer jogador. Não sei como as pessoas raciocinam o lado maldoso tão rápido.
DC — Tua relação com a imprensa mudou após aquelas declarações sobre o uso de drogas (reportagem veiculada no Esporte Espetacular, da TV Globo, em abril deste ano)?
Jardel — De maneira alguma. Nem vai mudar se continuarem me respeitando. Sou um cara rodado. Você vai me criticar se eu jogar mal, mas também tem que me elogiar se eu jogar bem.
DC — Na última semana, o atacante André, ex-Figueirense, também declarou que havia consumido drogas. O fato de você ter confessado o uso de drogas pode quebrar um tabu?
Jardel — Eu
acho que sim. Fui um exemplo. Não é fácil. Eu não era nenhum viciado, fazia minhas coisas nas férias, às vezes exagerava um
pouco, mas nunca em competição. Acho que foi uma declaração para ajudar. Que outros se conscientizem e falem também, que os jovens que estejam lendo a entrevista e acompanhem futebol saibam também. Repercutiu de forma muito positiva para mim. Muita gente diz que eu não deveria ter falado, mas essas pessoas são maldosas. Falar me tirou um peso da consciência. E todo jogo a torcida adversária fala que sou cheirador, mas eu fico sorrindo.
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