| 12/09/2008 20h24min
Ele assumiu o Criciúma com uma missão nada fácil: dar novo fôlego a um elenco desmotivado, conquistar a primeira vitória tricolor após seis rodadas e, principalmente, afastar a equipe da desconfortável 17ª posição na tabela — primeira na zona de rebaixamento. A estréia com goleada sobre o CRB (3 a 0, no Heriberto Hülse) foi o primeiro passo, mas o técnico Paulo Campos sabe que o caminho é longo rumo à reabilitação do Tigre na Série B do Brasileirão.
O treinador concedeu uma entrevista exclusiva ao clicRBS nesta sexta-feira, logo após a chegada da delegação catarinense em Salvador para o confronto diante do Bahia, neste sábado, em Feira de Santana. Fluminense de Niterói, Paulo Campos revelou que estava de férias com a família quando foi contatado pela diretoria do Criciúma e, em menos de dois dias, se apresentou ao clube.
Com passagens por Fluminense, Paraná, Juventude e Náutico, além de trabalhar como auxiliar-técnico de Wanderley Luxemburgo no Real Madrid, o
técnico comentou sobre a
expectativa de atuar pela primeira vez em Santa Catarina e o desempenho das equipes do estado no Brasileirão.
Ele avaliou a situação do Criciúma quando assumiu o comando do grupo, a importância de Jardel para o time e a busca por novos reforços. Paulo revelou que não é fã das metas e da matemática da classificação, mas garante reerguer o Tigre na seqüência do campeonato. Confira, abaixo, a entrevista com o comandante tricolor:
clicRBS: Como estava o elenco do Criciúma quando você assumiu?
Paulo Campos: Era uma equipe pressionada. Eles estavam há seis jogos sem vitória e sem marcar gols. O grupo estava psicologicamente abalado. Eu havia assistido a alguns jogos do time pela TV e vi que tinha atletas de qualidade. Talvez, o momento estivesse atrapalhando. Por isso, a minha primeira preocupação quando assumi foi corrigir a formação, o sistema tático da equipe. Tanto que, em dois dias
de trabalho, eles colocaram aquilo para fora, aquilo que eu sabia
que eles poderiam realizar. A vitória trouxe confiança, e uma equipe confiante trabalha com mais dedicação.
clicRBS: Existe alguma matemática planejada para o Tigre até o final do ano? Qual é a meta de pontuação estabelecida pela comissão técnica?
PC: Eu faço uma avaliação de todas as partidas que teremos pela frente, até mesmo para poder fazer planejamento de como será a parte tática. Mas eu não adoto uma conta. Não deixo a matemática ditar o meu trabalho. A gente nunca sabe como será o dia de amanhã, por isso, sempre considero o próximo jogo como o mais importante.
clicRBS: A direção repassou alguma previsão para a chegada de reforços?
PC: Isso foi passado para a diretoria, a gente está sempre conversando com o presidente e com os diretores responsáveis para melhorar ainda mais a qualidade do
grupo. O problema é que cheguei em um período muito difícil porque a janela de transferência está fechando.
Penso que a gente precisa de um jogador para cada setor: defesa, meio-campo e ataque.
clicRBS: Na sua apresentação, você destacou o papel da torcida e da cidade de Criciúma como suporte ao time. E, logo na estréia, veio a vitória em casa. Até que ponto a torcida é importante para a reabilitação do Tigre?
PC: É uma peça-chave para qualquer time. Quando um time está vencendo, ela empurra para conseguir a vitória e subir mais ainda. Agora, quando a equipe está numa posição ruim, o papel dos torcedores é reerguer os atletas.
clicRBS: É importante para apoiar jogadores como o Jardel, que está procurando voltar à melhor forma. Quando ele chegou ao clube criou-se uma expectativa muito grande, tanto pelo currículo dele, como também pela recuperação após ele ter confessado que superou o vício em cocaína. Como você avalia essa nova fase na vida do
atacante?
PC: O Jardel é um grande atleta, eu o conheci no Vasco
da Gama, na época em que ele fazia parte da base do clube. Pelo próprio talento, ele passou à equipe principal do time e depois foi para a Europa, onde ele se destacou como um dos grandes artilheiros do mundo. Para o Criciúma, ele é um jogador de extrema importância. Alto-astral, muito alegre e trabalhador — por isso, conquistou muitos títulos para os times que defendeu.
clicRBS: Nesta quinta-feira, o atacante André Balada revelou que ele e Jardel já haviam consumido droga juntos. Na sua opinião, o meio do futebol é um facilitador para que isso aconteça?
PC: Eu nunca soube e nunca vi nada que diga respeito a esses assuntos. Eu só posso dizer que, como sou uma pessoa religiosa,
admiro a atitude e a coragem de André. O ser humano tem todo direito
de viver o que é certo e o que é errado, e é bom que ele tenha escolhido o caminho positivo da vida. Eu gostaria que as palavras dele fossem exemplo para muitos.
clicRBS: Mas, então, jogadores como o Jardel e André, que se recuperaram e estão atuando, podem ser considerados exceções?
PC: O caso do Jardel eu prefiro não falar porque não acompanhei (o treinador trabalhava na Grécia no primeiro semestre deste ano). O que eu tenho certeza é que ele é uma pessoa querida pela família, pela torcida, pela cidade, por todos.
clicRBS: Qual a sua opinião sobre o desempenho dos outros times catarinenses no Brasileirão?
PC: Eu considero a presença do Figueirense na Série A muito importante. Santa Catarina é um estado que cheira futebol, que gosta de futebol, e tem grandes clubes com grandes estruturas. O
Figueirense é um deles. Já o Avaí vem muito bem este ano e, há muito tempo, merece o acesso. Recordo que, em
2006, o Avaí também vinha muito bem, era líder da competição e, se não me engano, a equipe menos vazada. Eu estava no Náutico na época e lembro que nós vencemos a partida por 4 a 1. Depois, o time saiu do G-4 e não conseguiu chegar à classificação. O Marcílio Dias também vem fazendo bonito na Série C e acho que são grandes as chances dele. E o nosso Criciúma tem como objetivo chegar a uma posição confortável. Hoje estamos em 15º lugar, mas a perspectiva agora é só subir até o final do campeonato.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.