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 | 15/03/2008 07h22min

Ruy Carlos Ostermann: Os rebaixamentos

A semana caxiense serviu para reanimar o Juventude e também o Caxias, e serviu para rebaixar um pouco o entusiasmo pelo time do Inter e a regularidade do elogiado Grêmio. Foi mesmo uma semana especial, mas não tanto que pudesse desautorizar o que Abel Braga e Celso Roth vinham fazendo. Não se trata de afirmar que o que foi elogiado não possa sê-lo mais, porque eram indevidos os méritos e frágeis as conclusões. O futebol não é tão superficial.

Aconteceu um choque de realidade, o Juventude e o Caxias reanimaram enérgicos modelos de marcação, geralmente individual e meio-campo inteiro, encurtaram o campo de jogo e revelaram em cima desse fato uma surpreendente capacidade de passes e retenção de jogo. Jogos desiguais em princípio que só poderiam se nivelar através de uma disposição invulgar do menos capacitado.

Afora Inter e Grêmio, os adversários de Juventude e Caxias se nivelam em recurso e ambições. A estratégia dessa semana talvez não sirva, um jogo igual exige outras obrigações no campo.

O Juventude vai jogar com o Brasil no Bento Freitas, o Caxias contra o Novo Hamburgo no Centenário. Jogos iguais e mais difíceis para estabelecer uma estratégia defensiva de contra-ataques. É outra semana, novos problemas.

Vantagem
A lógica de uma substituição de jogador suspenso é preencher o seu espaço e sua função com outro jogador, e nada mais. Um jogador é um jogador, não pode ser duas mudanças. Edinho sai, entra Maycon, Wellington Monteiro continua no seu lugar. Mas quem deve saber do seu time é Abel e se Jonas der melhor resposta no lado, e Wellington Monteiro puder retomar o seu ritmo de jogo no meio, essa será a substituição de Edinho. Essa informação está nos treinos e na observação do técnico e seus companheiros. A lógica da substituição simples pressupõe uma resposta já conhecida.

O fato é que o Inter, que diz saber as razões da goleada em Caxias do Sul, terá esse jogo do fim da tarde de hoje contra o São José para recuperar o seu prestígio de time com muita invenção e alguns jogadores superiores. O ex-zagueiro André Luís, que era forte e decidido, é técnico agora e viu a derrota do Inter para o Juventude como comprovação de uma possibilidade, afinal não existem mesmo times invencíveis. Não deixa de ser um bom ponto de partida se as razões forem como as de Edson Gaúcho que estava ontem informando que apenas um jogador do Inter merece marcação individual, o Guiñazu. Portanto, há muitas maneiras de enfrentar o Inter sem perder a vantagem da iniciativa.

Goleiros
Não consigo prestar atenção, por exemplo, em todos os goleiros daqui e dos campeonatos regionais em todo país. Quarta e quinta, na semana caxiense, o Juventude confirmou a qualidade de seu goleiro Michel, e o Caxias mostrou seu goleiro reserva, Juninho, e ele foi impecável. Fico tentado a pensar que estamos finalmente superando uma tradição que Taffarel, primeiro dos nossos goleiros a romper com a restrição européia e firmar-se no Parma, da Itália, custou a ter seguidores. A reportagem investigativa do Carlos Ferreira, publicada essa semana, é surpreendente. Só em Portugal, abrigados pelo idioma, há mais de 30 goleiros, desconsiderando-se alguns rigorosamente desconhecidos defendendo tudo em obscuros clubes portugueses da segunda divisão.

 

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