| 15/10/2007 08h48min
Nada de badalações, almoço em restaurante ou festa com amigos. No dia seguinte à vitória do Grêmio sobre o Goiás por 2 a 1, Pereira fez aquilo que durante a semana por vezes não consegue: curtiu a companhia da mulher Angélica e do filho Gabriel.
Aos seis anos, o menino passa as tardes no jardim de infância em uma escolinha do bairro Menino Deus, enquanto a mãe vai à faculdade. Se os treinos são realizados pela manhã, o zagueiro acaba encontrando a família apenas à noite. Sem contar quando ocorrem partidas no meio da semana, afastando ainda mais o jogador em razão das concentrações.
Para matar a saudade de casa nesses momentos, Pereira carrega o violão Tagima para o Hotel Deville, onde o clube hospeda os atletas antes dos jogos. É um hábito adquirido graças ao ex-lateral-esquerdo do Grêmio Wellington, que lhe ensinou os primeiros acordes. Sempre que pode, dedilha as músicas gospel de que tanto gosta, seja dividindo o quarto com o volante Nunes, no Deville, ou na sala do apartamento onde reside na Rua Costa. Muitas vezes ajudado por Gabriel.
– Ele enche o saco de tanto cantar – brincou a esposa.
Ontem, Pereira tinha motivos de sobra para soltar a voz. Foi um dos melhores no sábado. Marcou o gol de empate aos 25 minutos do primeiro tempo, seu quinto com a camisa do Grêmio, e quase empurrou bola escorada por Tuta aos seis do segundo, na virada. Apesar de o árbitro ter confirmado o gol para o centroavante, há quem acredite que o zagueiro marcou os dois gols da vitória.
– Foi o Pereira que fez – divertia-se o volante Labarthe no vestiário.
– Na real, acho que nem o Tuta sabe quem fez o gol – completou Pereira, que chegou a correr para comemorar, mas preferiu felicitar o companheiro quando viu Tuta se dirigindo à torcida.
O bom desempenho não foi acompanhado ao vivo pela família, que está dando um tempo nos estádios depois de testemunhar uma briga nas cadeiras do Olímpico.
– Eram dois amigos que chegaram juntos, conversando. Sentaram um do lado dela (Angélica) e outro do lado dele (Gabriel). De repente, começaram a discutir, um voou por cima deles e foi para cima do outro - contou Pereira. - Ele (apontando para Gabriel) ficou meio assustado.
Apesar da lembrança ruim, o domingo foi de alegria e tranqüilidade para a família. Nem a noite mal dormida devido à mudança para o horário de verão tirou o humor de Pereira. Até Gabriel, esse sim com a carinha um pouco fechada pelo sono conturbado e incomodado com o vento frio no playground do edifício, abriu largos sorrisos nos brinquedos. Para manter o bom astral em casa e no Olímpico, Pereira sabe o que o Grêmio precisa fazer:
– Temos que nos manter somando pontos. Quatro equipes estão na luta pelas vagas na Libertadores e vão estar lá até a última rodada.
Assim, ele continuará cantando apenas por felicidade, e não para espantar os males.
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