| 04/03/2007 16h32min
Depois de anunciar sua desistência dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, o cavaleiro Rodrigo Pessoa revelou que recebeu uma proposta oficial da Ucrânia para mudar de nacionalidade. O campeão olímpico, no entanto, garante que não tem interesse.
– Recebi um convite da Ucrânia, que montou uma equipe forte, ficou em quarto no último mundial e me ofereceu uma quantidade importante de dinheiro. Mas não tenho esse interesse e pretendo continuar representando o Brasil, que é e sempre foi o meu país – afirmou Pessoa.
O brasileiro decidiu abrir mão da sua participação no Pan por não concordar com os critérios de classificação adotados pela confederação. Ele e Bernardo Alves, ambos residentes na Bélgica, tinham vaga assegurada por estarem entre os 20 melhores do ranking mundial (15º e18º, respectivamente).
As outras três vagas para a equipe brasileira (dois titulares e um reserva), ao contrário do que havia sido planejado, serão disputadas em eventos no Brasil.
– O problema é que pelo fato do Pan ser no Rio, todos estão encarando o evento como se fosse um evento local. Não é, o Pan será muito exigente e as equipes dos Estados Unidos, Canadá e México vão com sua força máxima – lembrou Pessoa.
– Nós não temos culpa do Brasil ser um país em desenvolvimento e os investimentos em infra-estrutura, cavalos e premiação serem muito maiores na Europa. O continente europeu é o berço do hipismo e lá temos os mais importantes eventos e conjuntos do esporte no mundo. Por isso eu e outros brasileiros que temos como objetivo figurar entre os melhores no hipismo somos obrigados a viver na Europa – continua.
O Brasil conta com cinco conjuntos competitivos que residem na Europa: Álvaro Affonso de Miranda Neto, Bernardo Alves, Cassio Rivetti, Pedro Veniss e o próprio Rodrigo Pessoa.
– Se olharmos friamente para o cenário de uma maneira geral, sem ficar com essa divisão absurda de "europeus" e brasileiros, pois todos representamos o Brasil, vamos ter a clara visão de que para vencermos as principais competições por equipes, depois de um longo tempo, temos cinco conjuntos muito fortes – conta Pessoa.
Segundo ele, a única coisa que os conjuntos que residem na Europa solicitaram é que, dentre as outras três vagas da equipe, pelo menos uma fosse disputada na Europa.
– Para saltar as seletivas no Brasil na segunda quinzena de maio e no inicio de junho, os cavaleiros que moram aqui precisam colocar seus cavalos num avião, passar um mês e meio no Brasil, perder concursos importantes que somam pontos para o ranking mundial e, depois das seletivas, voltar para a Europa e, se classificados para o Pan, retornar ao Brasil novamente – explica.
Para Pessoa, “o que impulsiona o hipismo no Brasil são os resultados em Mundiais, Olimpíadas, Copas do Mundo e uma medalha de ouro no Pan do Rio, além, é claro, de um trabalho sério no hipismo de base que há muitos anos não é feito. Pela primeira vez em minha carreira estaria levando meu principal cavalo para o Brasil e eu realmente estava focado em vencer a competição”, lamentou.
– Se no momento, pelo fato de o Pan ser realizado no Brasil, os dirigentes acham que é preciso incentivar o hipismo local, pois então que usem a minha vaga para isso. Minha história com o esporte e representando o Brasil sempre foi conseguir o melhor e lutar pelos melhores resultados – finalizou Pessoa.
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