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Esportes  | 16/09/2011 07h10min

Prestes a completar dois meses no Grêmio, Pelaipe comemora mudanças e segurança no vestiário

Em sua quarta passagem pelo clube, primeira tarefa do dirigente foi aliviar o ambiente

Tatiana Lopes  |  tatiana.lopes@rbsonline.com.br

Como qualquer outro cidadão comum, Paulo Pelaipe acorda cedo todos os dias, toma o café da manhã preparado pela esposa, lê o jornal e se despede dos filhos: um vai para o colégio, outro para o trabalho. Em seguida, parte para sua outra casa, o Olímpico. Chega ao estádio por volta de 8h30min ou 9h, e inicia o segundo momento do dia, em que atua como dirigente de futebol.

Pouco antes de acompanhar o treino da última quarta, e depois de atender a um dos inúmeros telefonemas do dia, Pelaipe recebeu a reportagem do clicEsportes para uma entrevista exclusiva:

— Passo o dia inteiro no clube, ou às vezes saio para algumas reuniões, também vou a Eldorado ver os treinos da base (no CT de treinamentos) — comentou ele, que retorna para o lado da família entre 21h e 22h, sem antes deixar os relatórios do dia para o presidente Paulo Odone.

Com a experiência que adquiriu nos 33 anos que ele dedica ao futebol, Pelaipe, que iniciou a carreira trabalhando com futsal no clube Gondoleiros, em 1977, voltou ao Olímpico nesta que é sua quarta passagem pelo Grêmio, para, primeiramente, tratar de aliviar o ambiente.

No início de agosto, o clube enfrentava uma turbulência. Resultados ruins, troca no comando técnico, má colocação na tabela - próximo da zona de rebaixamento -, pressão externa e interna. Jogadores contestados e presidente criticado diariamente pela torcida.

— Vim com muita honra, convidado pelo presidente Odone. Num primeiro momento, procurei acalmar o vestiário, elevar a autoestima dos jogadores, que naquele momento estava em baixa pelos resultados, e hoje temos um ambiente muito bom no vestiário — disse. 

Prestes a completar dois meses atuando como diretor executivo, Pelaipe foi o principal responsável pelas mudanças que ocorreram desde sua chegada. Saiu Julinho Camargo, entrou Celso Roth. Três jogadores foram contratados imediatamente - Brandão, Edcarlos e Julio Cesar. A preparação física também foi renovada. Nas categorias de base, a reestruturação também começou. E ele ainda quer "sacudir" muito mais o ambiente.

— Não temos ainda uma situação como a que queremos. Queremos títulos. O Grêmio tem que ir para a ponta, é um clube grande do futebol brasileiro (...) Mas estamos satisfeitos por esse início de trabalho — garantiu.


Crescimento

Pelaipe prefere não se eleger como o responsável pelo crescimento do Grêmio nas últimas rodadas do Brasileirão. O clube conseguiu emendar uma boa sequência de atuações e vitórias, que pode ter como marco o Gre-Nal 388, quando entrou em campo o time e a formação considerados ideais. Desde o clássico, são cinco partidas, com quatro vitórias e uma derrota, com 11 gols marcados.

— Com as vitórias, voltou a segurança dos jogadores — observou o dirigente.



Foto: Tatiana Lopes.


— Tenho muito respeito a quem estava aqui, mas trouxemos profissionais que, dentro da nossa linha de trabalho, a gente achava que o Grêmio precisava, e os resultados estão mostrando isso. O Celso tem um estilo de trabalho que nós gostamos, ele treina a equipe, ensaia jogadas, insiste, trabalha exaustivamente. E o Paixão, além de ser um aglutinador no vestiário, é um profissional qualificado — destacou.

Conseguir a classificação para a Libertadores ou até brigar pelo título já faz parte do discurso do técnico e dos jogadores. Pelaipe, por sua vez, mantém cautela ao falar sobre o assunto. Não faz projeções, nem compara a situação deste ano com a da temporada passada, quando o Grêmio saiu da zona de rebaixamento para o Z-4 no segundo turno, em uma arrancada surpreendente.

— Fica difícil fazer uma afirmação dessas, mas trabalhamos para o Grêmio chegar o mais longe possível na competição. O Grêmio hoje é vice-líder, a liderança é o Fluminense no segundo turno. Vamos continuar perseguindo as vitórias e pensando jogo a jogo — disse.


Nova filosofia

Não é só no departamento de futebol profissional que Pelaipe atua. As mudanças começaram a ser feitas também nas categorias de base, do comando ao campo, com a contratação de novos jogadores. Pelaipe quer profissionalizar todas as áreas, a partir da sub-12.

— Queremos ganhar título, e isso só se ganha com trabalho. Nessa faixa etária os jogadores precisam ser treinados, têm que ter fundamentos, temos que ensinar eles a jogar futebol, para que não cheguem na sub-15, sub-17, despreparados. Eles têm que chegar em condições de serem chamados pelo profissional — explicou.


Foto: Bruno Junqueira, TRATO.TXT


> Furação Pelaipe: dos gabinetes ao futebol, o que mudou no Grêmio

O trabalho de integração das categorias inferiores ao profissional foi iniciado em 2006 no Grêmio, com Rodrigo Caetano e Pelaipe. Os dois saíram e, com a volta do dirigente neste ano, o processo foi retomado.

Até o final de 2012, Pelaipe espera ver pronto no clube um cadastro amplo de atletas desde a categoria sub-12, dentro do CDD (Central de Dados Digitais), como já existe no setor profissional. Em sua passagem pela Europa, onde fez cursos, acompanhou sistemas parecidos, que reúnem cadastros completos de jogadores de todas as partes do mundo.

— Dentro dos clubes que visitei, eles apertam um botão do computador e sabem de todos os jogadores do Grêmio que tem potencial, por exemplo. E é isso que vamos fazer no Grêmio — garantiu.

O foco atual na base é formar atacantes. Faz tempo que Pelaipe não vê o surgimento de um jogador de frente que tenha feito sucesso. Os novos comandantes das categorias inferiores também estão incumbidos de buscar revelações para a posição.

— Acho que o último grande atacante revelado foi o Alcindo, em 1962, com todo o respeito aos que já assaram pelo clube, e tiveram grandes jogadores. Agora queremos formar atacantes.

Para que a evolução aconteça, Pelaipe vê a estrutura do Grêmio - que em breve se despedirá do Olímpico e partirá para a Arena, no bairro Humaitá -, como aliada no processo. Mas muitas coisas ainda precisam ser melhoradas.

— O Grêmio tem uma das melhores estruturas do futebol brasileiro. Tenho depoimentos dos próprios profissionais que trabalham aqui, e estamos fazendo uma base com profissionais, sem apadrinhamento. Não é porque a pessoa é amiga de alguém que vai estar aqui. A área vai ser totalmente profissionalizada.


"Temos que acertar muito mais do que errar"

É com este lema que Pelaipe trabalha. Ao buscar reforços para o clube, ele entende que todos estão sujeitos ao erro. O dirigente sempre lembra de jogadores que levou ao Grêmio quando não eram conhecidos e se firmaram no futebol, como o goleiro Victor e o zagueiro Réver. Hoje, vê Julio Cesar se destacando na lateral-esquerda, e Edcarlos ganhando sequência na zaga no time de Celso Roth. Mas nem sempre o resultado foi o esperado.


Foto: Tatiana Lopes.


— O importante quando faz uma contratação é acreditar no profissional. Evidentemente que não se acerta 100% das contratações. Aqui, por exemplo, trouxe um jogador em 2007 que era uma interrogação, o Diego Souza, e ele deu uma resposta fantástica. Depois, para ter um upgrade na Libertadores, trouxe o Amoroso, que tinha sido campeão do mundo, jogador de Seleção, uma pessoa muito boa de vestiário, mas não deu a resposta. E teve a unanimidade de todos quando contratamos ele. Futebol é assim. A gente tem que acertar muito mais do que errar — completou.

Para 2012, o planejamento já começou. Mas é difícil arrancar alguma coisa do dirigente. O assunto é mantido em sigilo e trabalhado internamente. Em breve, Pelaipe terá que resolver a situações dos jogadores que estão com vínculo por encerrar no final deste ano - Edcarlos, Escudero, Rodolfo e Diego Clementino - e ainda tentar encontrar outros reforços que possam ser contratados.




Próximos jogos:
17/09 - Vasco x Grêmio
22/09 - Grêmio x Botafogo
25/09 - Avaí x Grêmio

 






 

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