Mais do que um jogão, um reencontro entre pai e filho. Quando Inter e Santos entrarem em campo, nesta quarta-feira, às 21h50min, no Beira-Rio, a partida reservará mais do que o enfrentamento entre as únicas duas equipes no país que venceram um título internacional nos últimos cinco anos e últimos campeões da Libertadores. O confronto válido pela primeira rodada do segundo turno do Brasileirão colocará frente a frente Neymar e Dorival Júnior.

Não será a primeira vez que os dois estarão em lados opostos desde que o treinador deixou a Vila Belmiro, em setembro de 2010. Dorival acabou demitido do Santos após afastar o atacante, que o desrespeitou em jogo contra o Atlético-GO. Quando já estava no comando do Atlético-MG, os dois se enfrentaram em novembro passado. O garoto marcou dois gols no empate em 2 a 2.

Neymar da Silva Santos, pai do jogador de 19 anos, falou sobre o relacionamento entre o camisa 11 e o ex-técnico. Para o ex-jogador de Operário de Campo Grande, Portuguesa Santista, entre outros, o afeto entre ambos não foi abalado pelo episódio, "já esquecido". Segundo ele, existia uma relação de pai e filho antes de técnico com jogador. Para o homem que dirige a carreira da principal estrela do futebol brasileiro, o período em que seu filho e Dorival trabalharam juntos foi de grande importância para o crescimento do atleta. E lembrou que será natural ambos se reencontrarem.

Neymar parece ter amadurecido muito desde então. Apesar de ser caçado nas partidas, não é visto revidando. O pai garante que conversa muito com o garoto, alçado à condição de ídolo em um período de menos de dois anos. Explica que procura auxiliar o jogador com algumas das suas experiências, além de perceber o aprendizado natural do filho. A vida "ensina muito", prega.

Alvo constante dos clubes europeus, o atacante não se deslumbra com a fama. Não faz pressão para deixar o Santos. Com contrato até 2015 e multa rescisória no valor de 45 milhões de euros, nunca dá declarações de que deseja deixar a Vila Belmiro.

Tampouco demonstra que as constantes notícias veiculadas ao seu nome abalem o seu futebol. Para o pai do craque, o motivo é o amor que sente pela equipe que o revelou:

– O Neymar tem respeito pelo futebol e sente muito prazer em estar em campo. Ele é muito feliz no Santos e não deixa nada o abalar. Ele escuta o coração, que o manda seguir no clube.

Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista com o pai de Neymar:

clicEsportes – Como será o reencontro com o Dorival?

Neymar da Silva Santos – O Neymar tem muito carinho pelo Dorival. E acredito que o Dorival sente isso da mesma forma. No ano passado, quando se reencontraram, eles inclusive se beijaram. Ele foi muito importante para o Neymar. O incidente foi um caso já esquecido, já foi passada uma borracha no episódio. Eles tinham uma relação de pai e filho. E qual o filho que não discutiu com o seu pai? Qual o pai que nunca brigou com o seu filho? Quando você se importa com alguém, acaba discutindo. Ocorreu, mas a vida segue. Eles já se reencontraram e se reencontrarão muitas vezes. O carinho entre eles é o que importa.

clicEsportes – Até que ponto o assédio dos torcedores, imprensa e clubes europeus interfere no seu rendimento?

Neymar pai – O Neymar não permite que o assédio influencie. Ele tem respeito pelo futebol e sente muito prazer em estar em campo. É muito feliz no Santos e não deixa nada o abalar. Escuta o coração, que o manda seguir no Santos.

clicEsportes – Após o título da Libertadores, o próximo objetivo do Neymar é dar o tricampeonato Mundial ao Santos?

Neymar pai – O Neymar está pronto para disputar os principais campeonatos. Ele faz de tudo para lutar pelas maiores competições. O sonho dele foi sempre enfrentar os grandes times, como o Barcelona, um dos principais do mundo. Ele está pronto para os maiores desafios.

clicEsportes – Ele tem o sonho de ser o melhor jogador do mundo?

Neymar pai – Ele não tem esta ambição, mas, sim, disputar os maiores campeonatos e colocar o Santos nas principais competições. Graças a Deus, contribuiu com o título da Libertadores. Ele quer entrar em campo e ser feliz. E isso é o mais importante. Ser ou não o melhor do mundo, no Brasil ou fora, é a consequência do trabalho. Ele precisa seguir jogando bem e mantendo a alegria que tem em treinar e jogar futebol.