Recheado de desfalques e com técnico interino, o Inter tinha um horizonte obscuro na Alemanha. Depois de dois jogos e um par de empates, o clube deixa Munique com um balanço positivo. Agora, se volta à disputa do Brasileirão. No domingo, enfrenta o Atlético-GO, no Beira-Rio, mirando o G-4. Enquanto a delegação retorna, o clicEsportes lista fatores positivos e negativos da passagem colorada pela Europa.

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São muitos os fatores relevantes que valem a pena o Inter colocar na mala e trazer para o Beira-Rio. O torcedor com certeza verá um Inter mais confiante, valorizado e com garotos afirmados na sequência do Brasileirão. Pode soar estranho, mas precisou o time viajar para outro continente para selar a paz com a torcida. Confira o saldo positivo:

Confiança renovada

O Inter não ganhou, mas muito menos saiu derrotado da Copa Audi. Enfrentou Barcelona e Milan de igual para igual e mostrou grande poder de recuperação. Buscou por duas vezes o empate nas partidas e surpreendeu os rivais mais poderosos. Além do afago no ego do grupo, o rescaldo do torneio renovou a relação de alguns atletas com a torcida. Nei, com gol e boa atuação diante do Barcelona, e Renan (foto), herói na decisão por pênaltis contra o Milan, são bons exemplos dessa redenção.


Interino em alta

Mais do que qualquer jogador, a afirmação maior dessa Copa Audi está no banco de reservas. Osmar Loss, técnico interino desde a saída de Falcão, é considerado um dos avalistas do bom desempenho colorado na Alemanha. Contra o Barcelona, mexeu bem no time durante o intervalo. Diante do Milan, apostou nos guris e armou um esquema equilibrado. Viu-se um Inter com bom toque de bola e veloz na chegada à frente. O presidente Giovanni Luigi não poupou elogios a Loss:

— Foi um trabalho emergencial muito bom. Isso mostra que ele tem conhecimento e embasamento, mobilizou e teve respaldo do grupo para fazer as substituições que queria, tanto que saímos daqui invictos — argumentou Luigi, sem descartar a permanência de Loss em definitivo.


Para o mundo ver

A taça não veio, mas o Inter deixa Munique com a consciência tranquila. A imagem erguida com o Mundial de 2006 está intacta. Tudo por causa das boas atuações e pelo poder de reação. O time de Osmar Loss chegou inclusive a incomodar os jornais espanhóis, que exigia uma atuação convincente do Barcelona diante do Bayern, depois do empate em 2 a 2 com o clube gaúcho. A imprensa catalã ressaltou a postura colorada no segundo tempo, quando tentou atacar o Barcelona, algo raro de acontecer, inclusive pelo medo de oferecer espaços ao reconhecido toque de bola da melhor equipe do mundo.

— Eles me procuraram aqui, mas não disseram se era sobre o Damião — explicou Luigi, ressaltando que o Inter tem uma parceria com o clube inglês. — Ficaram de me procurar novamente e ainda não o fizeram.

— O Inter sai engrandecido — confirma Luigi.


Guris sem medo

Contra o Barcelona, Zé Mário, João Paulo (foto) e Lucas Roggia entraram no fim da partida e, mesmo assim, mostraram desenvoltura. Diante do Milan, o trio ficou mais tempo em campo e foi além. Apenas Zé Mário destoou. Veloz, Lucas Roggia incomodou a zaga italiana. João Paulo foi o grande destaque. Centralizado no meio-campo, confirmou os predicados anunciados na base. Velocidade, habilidade e capacidade de organizar a equipe. O garoto de 20 anos deixa Munique em alta e deve ser aproveitado no domingo, contra o Atlético-GO.

— Estão integrados e tomara que possam dar continuidade, possam crescer — avalia Luigi, sobre a dupla Roggia e João Paulo.


Damião nas alturas

Sondado por pelo menos 11 clubes desde o início do ano, Leandro Damião carimbou definitivamente seu passaporte para o mercado europeu após a Copa Audi. O artilheiro colorado confirmou a expectativa depositada em seu futebol e se destacou nas duas partidas. Marcou dois gols e participou intensamente dos movimentos ofensivos. De negativo, o pênalti perdido na semifinal. Nada que o tenha abalado. O bom futebol atiçou o Tottenham, que já tenta há algum tempo contratar o jogador. O clube inglês veio à carga em Munique. Emissários do clube entraram em contato com Luigi, dispostos a aumentar bastante os 12 milhões da proposta inicial.

— Eles me procuraram aqui, mas não disseram se era sobre o Damião — explicou o presidente, ressaltando que o Inter tem uma parceria com o clube inglês. — Ficaram de me procurar novamente e ainda não o fizeram.


> Melhor deixar em Munique

Mas nem tudo funcionou plenamente em Munique. São poucas, é verdade, mas há questões que seriam melhores varrer para longe e deixar por lá mesmo. Apesar de toda a preocupação com a imagem fora do país, faltou ao Inter, por exemplo o entendimento da importância da figura do treinador — dentro e fora de campo. Confira o saldo negativo:



Cadê a referência?

Osmar Loss saiu-se bem no desafio da Copa Audi. Mas faltou ao Inter a presença de um técnico efetivo no cargo. Ficou feio chegar a uma competição dessa dimensão com um treinador interino. O técnico também leva a marca do clube. É quem aparece frequentemente para as câmeras durante as partidas. Na entrevista coletiva de apresentação, com os treinadores da equipe reunidos lado a lado, causou certo desconforto a ausência de uma referência mais forte no comando. Inclusive, em termos de marketing.


Cobertor curto

Faltaram peças de reposição e qualidade. Sem Oscar e Juan, na seleção sub-20, além de Zé Roberto, Índio e Guiñazu, no departamento médico colorado, jogadores mais experientes fizeram falta. Mesmo que os guris tenham mostrado personalidade, foi um risco deixá-los na linha de frente diante de Barcelona e Milan. Se no início do ano, o Inter se orgulhava de um banco que chegou a ter Oscar, Rafael Sobis e Cavenaghi, a situação atual é bem diferente. O Inter precisa rechear o grupo para os longos pontos corridos do Brasileirão.

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