Sem Oscar, na seleção sub-20 até o final de agosto, o Inter terá em breve o retorno de um dos jogadores que mais se identificaram com o estilo Falcão de ser. Recuperado de uma fissura no osso da fíbula da perna esquerda, Andrezinho já se diz pronto para voltar aos gramados. Mesmo assim, a tendência é a de que fique de fora do jogo contra o São Paulo e que seja utilizado contra o Avaí.

Nesta sexta-feira, Andrezinho concedeu entrevista exclusiva ao clicEsportes. Na conversa, agradeceu a Falcão pela confiança, mesmo após ter ficado dois meses sem atuar, completados nesta sexta-feira. Antes de se lesionar, na decisão do Gauchão quando marcou um gol com a perna quebrada, era um dos braços direitos do treinador.

Mas há um outro lado da história. A mágoa de Andrezinho é com o rótulo de "jogador de segundo tempo". Se acha injustiçado nesse quesito pela antiga falta de sequência de jogos. Inclusive, já esteve próximo de deixar o clube. No início da temporada, chegou a estar decidido a trocar de casa. Resolveu ficar e recuperou o melhor momento. Hoje, Andrezinho ainda acredita no título do Brasileirão. Mas para isso, acha que o Inter deve se reforçar.

Foto: Diego Guichard

Confira a entrevista:

clicEsportes – Quanto que um jogador profissional perde de ritmo de jogo ao ficar esse período (dois meses) afastado?
Andrezinho – Estou sem dor. Ritmo só se ganha em trabalho com bola, seja jogando ou fazendo coletivos. Em quatro ou cinco treinos, com jogos, rapidamente voltarei ao normal. Até porque não foi tanto tempo assim.

clicEsportes – Você se sente pronto para jogar?
Andrezinho – Sim. Fisicamente, me sinto 100%. Vai faltar ritmo, não tenha dúvida. Mesmo se for daqui a 10 dias, faltará ritmo. Uma coisa é treinar, outra é jogar. A exigência é diferente. Por ser osso, o departamento médico explicou que o processo é mais demorado. Hoje me sinto em totais condições de atuar. Acredito que o ritmo a gente administra com a experiência de cortar caminho. Mas não fiz sequer um trabalho com o grupo todo. A dificuldade maior é essa. Fica a critério da comissão técnica.

clicEsportes – Pelo que tem acompanhado no time do Inter, o que mudou nesses dois meses?
Andrezinho – O entendimento tático do time. Na fase que eu estava jogando, antes da contusão, estava mais difícil. Não vínhamos apresentando um grande futebol. O Falcão estava começando a implementar a forma e toda mudança requer tempo. Hoje, vemos uma equipe completamente diferente. Uma palavra que o Falcão sempre batia e está acontecendo é a compactação. O time não está deixando buraco entre a zaga, meio e ataque. Futebol não é só bola no pé. Você vê por aí muito jogador de qualidade que não tem entendimento tático.

clicEsportes – O que o time do Inter perde sem Oscar e ganha com Andrezinho?
Andrezinho – Não gosto muito de comparações, mas no futebol não há como fugir disso. O Oscar é um jogador que dispensa comentários. É um guri gente boa que não deixa subir para a cabeça. É um jogador diferente. Não se acha outro aqui no Inter. Tenho outras características. O Oscar é um jogador de drible, velocidade e enfrentamento. Sou mais de posicionamento, com visão de jogo para colocar um colega na cara do gol. Sei dosar a partida.

clicEsportes – Com Falcão, você estava chegando mais na área adversária, não?
Andrezinho – É uma das coisas que agradeço Falcão. Essa cobrança. Ele disse que “de fora não entendia como eu não recebia tanta oportunidade”. O treinador pediu para eu arriscar mais, ser participativo. O meia precisa fazer gol. Passei então a treinar isso, chegar mais na área e deu certo.

clicEsportes – Mas porque acha que conquistou a confiança de Falcão?
Andrezinho – A mudança maior foi a confiança. O que acontecia antes? A memória é rápida. O que fez hoje e depois já se esquecia. O que me deixava chateado eram comentários de que eu era atleta de segundo tempo, que não tinha condições de atuar os 90 minutos. Quando peguei uma sequência com o Tite de titular e, na minha auto-avaliação, era um dos melhores do time, machuquei o joelho. Voltei e o Tite optou pela continuidade do Magrão. Saí por contusão. No final de 2009, no Brasileirão que conseguimos vaga na Libertadores te dou cinco ou seis jogos que eu decidi. E aí podem falar: “o Andrezinho decidiu no segundo tempo”. Mas isso aconteceu porque era quando eu entrava no jogo. O jogador precisa de sequência. Não adianta disputar uma partida hoje e amanhã entrar só cinco minutos. Com o Jorge Fossati, na Libertadores, eu era o titular e estava bem. Ele optou por mim e não pelo Giuliano. Teve então a parada para a Copa do Mundo e chegou o Celso Roth. Aí nunca tive uma sequência. Você entra, vai bem, mas o treinador não confia em você. Com o Falcão foi diferente.
Teve uma entrevista que o Falcão falou: “O titular é o Andrezinho. Não posso deixar meu jogador desconfiado”.

clicEsportes – Quantas vezes esteve por sair do Inter?
Andrezinho – Perdi as contas. Passei 13 anos no Flamengo. Na Coreia, fiquei quatro no mesmo clube. No Inter, a mesma coisa. Tenho uma forma diferente de pensar. Tenho amizade com treinadores, jogadores e diretores de outros clubes. Muitos questionam minha situação e dizem que eu podia ser mais valorizado em qualquer outro clube. A época que mais pensei em sair foi agora, depois do Mundial. Se o Falcão demora dois dias para assumir, já tinha definido que iria sair.

clicEsportes – Acha que o Falcão entrou tarde no time?
Andrezinho – Para mim, com certeza. Se for fazer uma avaliação, minha passagem no Inter foi muito boa. Independentemente de ser titular, são cinco títulos em três anos e meio. Já atuei muito no sacrifício. Faço isso porque gosto realmente de contribuir.

Foto: Diego Vara

clicEsportes – Como foi o sacrifício na decisão do Gauchão?
Andrezinho – Foi uma dividida com o Fábio Rochemback. Senti muita dor. Não conseguia correr. Cheguei a falar para o Guiñazu: “não aguento mais”. Teve um lance logo no final que a bola sobrou na intermediária, o Adilson ia chutar para o gol e apliquei um carrinho. Mancando, pensei em sair. Mas aí teve o escanteio. Fiquei, a bola sobrou e fiz o gol. Era para eu fazer o gol. Esqueci da contusão, fui comemorar e não aguentei. Comemorei mancando.

clicEsportes – O que te deu na cabeça para voltar para o segundo tempo?
Andrezinho – Fiz de tudo que você imagina. Massagem, injeções, alongamento. Pensei que fosse só pancada. Não deu tempo para aquecer no vestiário. Quando fui dar o pique no gramado, olhei para o Falcão disse que não dava para seguir.

clicEsportes – Até onde o time do Inter pode chegar?
Andrezinho – Acredito que possa chegar longe. Claro que eu também concordo com o Falcão quando ele diz que precisamos de reforços. Já fui atleta novo da base que quer jogar. E o torcedor também gosta disso. Mas acho que é preciso ter cuidado. Não se pode colocar tanto jogador assim.

clicEsportes – O Inter tem condições de conquistar o título do Brasileirão?
Andrezinho – Acho que sim. Uma prova foi o jogo contra o líder Corinthians. Atuamos de igual para igual, tivemos oportunidade de vencer. Nos últimos anos, o Inter vem batendo sempre na trave.

clicEsportes – Se depender de ti, agora pode ser Andrezinho mais 10 então?
Andrezinho – A vontade é essa.

Próximos jogos
17/07 - Inter x São Paulo
21/07 - Avaí x Inter
31/07 - Inter x Atlético-GO

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