A estreia do técnico Alexandre Gallo não foi suficiente para mudar a rotina de tropeços do Avaí. Na tarde deste domingo, o Leão foi atropelado pelo Palmeiras, no Canindé, em São Paulo. A goleada de 5 a 0 escancarou os problemas de um clube que entrou em campo cinco vezes, ainda não venceu, é o lanterna e tem a pior defesa da Série A do Campeonato Brasileiro.

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Talvez o que Gallo não tenha percebido em uma semana de trabalho, o antigo comandante azurra, Silas, já sabia bem: o Avaí não tem time para "se abrir". Por isso vinha jogando retrancado, e mesmo assim tem a defesa mais vulnerável do campeonato, com 17 gols sofridos. Mas Gallo arriscou, com a ousadia de um treinador que pensa na vitória, e alterou o esquema tático com três zagueiros para o 4-4-2.

O jogo

O início parecia promissor: mesmo sem os cuidados defensivos costumeiros (e que não vinham dando resultado), o Leão não chegou a ser donimado, conseguiu se fechar, conseguiu trocar passes no campo adversário e equilibrava o jogo.

Uma situação que durou 18 minutos. O lado esquerdo da defesa já sofria com o assédio perigoso do ala Cicinho quando o time da casa teve um escanteio a favor por aquele lado. Marcos Assunção, o "homem das bolas paradas" do futebol brasileiro, cobrou com competência e George Lucas, pressionado por Lincoln, acabou desviando a bola para as próprias redes.

Três minutos depois, Cicinho fez a jogada pela ala direita e cruzou para trás; Lincoln furou ao tentar o gol de letra, mas Luan estava no lugar certo para tocar no contrapé do goleiro Aleks e aumentar a vantagem dos anfitriões.

Leão tenta reagir

Foram apenas três minutos que mudaram a história do jogo. A partir daí, o Avaí se assanhou ainda mais em busca do empate e foi tomando os contra-ataques. Até criou duas boas oportunidades: um chute de longe de Pedro Ken que Marcos defendeu, aos 25 minutos, e um disparo de Robinho, da entrada da área, que passou à direita do gol palmeirense. Mas o contragolpe do time da casa é que foi mortal.

Aos 32, após ótima tabela, Lincoln bateu por cima. Era um prenúncio de que o Leão estava exposto demais na defesa. Aos 40, Luan apostou corrida com George Lucas, ganhou, chutou cruzado e Marcinho Guerreiro, que vinha correndo para fazer a cobertura, entrou de carrinho e acabou desviando a trajetória da bola, enganando o goleiro Aleks. Três gols, dois contra.

A situação piorou dois minutos depois, quando Kléber recebeu uma bola na intermediária e teve tempo para mirar o ângulo esquerdo, enquadrar o corpo e meter a bola lá no "ninho da coruja", com a precisão dos craques.

Os catarinenses até tiveram uma chance de descontar antes do intervalo, em jogada de Julinho pela esquerda. O ala foi à linha de fundo e cruzou. Marcos interceptou o cruzamento quando a bola chegava na cabeça do artilheiro William. No rebote, Marquinhos Gabriel disparou o chute e o goleiro do Verdão justificou o nome de santo ao fazer mais uma intervenção providencial.

Etapa final

No segundo tempo, Gallo tirou George Lucas, deslocou Acleisson para a lateral direita e colocou o meia Estrada em campo. Em seu primeiro lance ofensivo, o meia-atacante argentino acertou a trave de Marcos, em um chute de longa distância. Outro que entrou na etapa inicial foi o atacante Fábio Santos. Ele substituiu Robinho para ajudar a compor um sistema ofensivo ainda mais agressivo, mas nem tocou na bola.

O pior era a exposição aos contra-ataques. Em mais um deles, aos 10 minutos, Luan escapou pela esquerda e cruzou. Sozinho no meio da área, Wellington Paulista tinha tudo para ampliar a goleada, mas furou em bola. Era o risco que o Leão corria. Exposto na defesa, mais presente no ataque. Aos 11 minutos, Pedro Ken exigiu mais uma boa defesa de "São Marcos" em chute de longe.

O jogo esfriou depois que Felipão tirou um atacante (Wellington Paulista) para colocar em campo um jogador defensivo (Chico). Aí o Avaí parou de ter espaços no ataque e o Palmeiras também não aparecia mais na área do Leão. O goleiro Aleks só "acordou" da monotonia aos 20 minutos, quando Luan arriscou de longe, de perna esquerda, e a bola passou perto da trave esquerda.

Kleber fecha o caixão

Seis minutos depois, após uma bola levantada na área, a defesa avaiana furou, Lincoln ficou com a sobra e foi puxado por Acleisson. O árbitro Fabricio Neves Correa assinalou o pênalti. Para a torcida do Palmeiras o jogo era tão fácil que o estádio inteiro pediu para o goleiro Marcos cobrar a penalidade. Profissional exemplar, recusou. O Gladiador Kléber assumiu a responsabilidade e bateu firme para marcar o quinto gol.

O sexto só não saiu aos 28 minutos porque Cicinho, depois de cruzar o campo inteiro a dribles e invadir a área, demorou demais para finalizar, permitindo a defesa de Aleks. O último ato de um jogo para esquecer.

Ficha técnica

Palmeiras (5)

Marcos; Cicinho, Thiago Heleno, Leandro Amaro e Rivaldo; Márcio Araújo, Marcos Assunção, Lincoln (Patrik) e Luan; Wellington Paulista (Chico) e Kleber (Dinei)
Técnico: Luiz Felipe Scolari

Avaí (0)

Aleks; George Lucas (Estrada), Cássio, Bruno e Julinho (Romano); Acleisson, Marcinho Guerreiro, Pedro Ken e Marquinhos Gabriel; William e Robinho (Fábio Santos)
Técnico: Gallo

Gols: Lincoln, aos 18, Luan, aos 21 e aos 40, e Kléber, aos 42 minutos do 1º tempo; Kléber, aos 26 minutos do 2º tempo
Cartões amarelos: Julinho, Bruno, Marcinho Guerreiro e Acleisson (A); Wellington Paulista e Luan (P)
Arbitragem: Fabricio Neves Correa, auxiliado por Altemir Hausmann e Marcelo Bertanha Barison
Local: Estádio do Canindé, em São Paulo