As declarações fortes dadas pelo vice-presidente de futebol do Inter, Roberto Siegmann, na última terça no Beira-Rio podem custar caro. A procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva da FGF (TJD-RS) apresentará ainda nesta semana uma denúncia contra o dirigente por ter descumprido a pena aplicada após os protestos contra a arbitragem durante a final do primeiro turno do Gauchão. Ameaçado de nova suspensão, agora por até um ano, o dirigente não descarta recorrer à Justiça Comum.

— Até sexta eu ofereço a denúncia com base no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), por descumprimento da decisão. Ele vai a julgamento e os auditores saberão se houve ou não (o descumprimento) — disse nesta quarta o procurador do Tribunal Jurídico Desportivo Alberto Franco, em entrevista por telefone ao clicEsportes.

Siegmann estava suspenso de 2 de junho a 7 de julho, devido a declarações após o Gre-Nal 385, pela decisão da Taça Farroupilha — segundo turno do Gauchão. Na ocasião, ele criticou o árbitro Márcio Chagas pelo local escolhido para as cobranças das penalidades. Agora, a punição pelo descumprimento da pena pode variar de 90 dias a um ano. Siegmann, contudo, não acredita que isso ocorrerá.

— Nem que eu tenha de procurar a Justiça Comum — dispara o dirigente, que não vê com bons olhos a atitude da Procuradoria do TJD. — Ele (Alberto Franco) faz o que ele quer e eu faço o que eu quero. Ele podia ter falado sobre a questão do racismo no Grêmio — acrescenta.

Na coletiva de terça, Siegmann disse estar amparado pela Constituição Federal, que garante a liberdade de expressão. Mas o secretário do TJD, César Cabral, concorda com a Procuradoria.

— Ele deu entrevista dentro da sede do clube. Pelo que fiquei sabendo, foi em nome do mandato dele. Ele está suspenso das atividades dele. Uma vez que convoca uma coletiva, ele está descumprindo a decisão — disse o especialista.

Repercussão dentro do Beira-Rio

Não é só no TJD que Siegmann terá de responder pela mini coletiva de terça. Ex-vice jurídico e presidente do Conselho e membro do grupo União Colorada, Luís Antônio Lopes disse nesta quarta que o caso será levado à Comissão de Ética do clube.

— Ele se excedeu e estamos levando o assunto para a Comissão de Ética — disse Lopes, que não quis avaliar qual pode ser a pena para Siegmann dentro do clube. — Em termos de ética, pode ser uma repreensão ou diversas coisas. Nos cabe levar isso à Comissão de Ética para determinar se houve ou não a transgressão — acrescentou.

Sem citar nomes, Siegmann abriu a possibilidade de tomar a mesma atitude em relação a ex-dirigentes que, segundo ele, estariam prejudicando o ambiente do clube.

— É um direito dele e eu tenho de encarar. Assim como eu também posso levar as declarações de ex-dirigentes à comissão de ética. Vamos ver como as coisas andam — declarou.

Lopes chegou a cogitar a hipótese de Siegmann estar forçando uma suspensão para abandonar o cargo em função das dificuldades que o time enfrenta em campo. Mas o comandante do futebol colorado descarta:

— Só um lunático faria isso. Não tenho intenção alguma de deixar o Inter. E a entrevista de ontem não tem nada a ver com o TJD, pois não era em dia de jogo.

O fato é que, independentemente do resultado que sair dos tribunais, o dirigente colorado conseguiu abalar as estruturas do Beira-Rio com suas palavras. Punido ou não, Siegmann já entra na história colorada como um dos mais polêmicos comandantes de vestiário.

  
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