As circunstâncias não são as mesmas, e talvez a mais significativa delas seja o país. Embora tenha saído do sufoco econômico que ameaçou torná-lo uma pátria de aposentados, sem oportunidades para os jovens, o Uruguai não tem o poderio financeiro do Brasil. O Inter renasceu na virada do século em um contexto de crescimento brasileiro. Ainda assim, vale a comparação. O Peñarol luta bravamente para ser o velho e bom Peñarol dos anos 60 e 80. E o seu retorno ao cenário dos grandes passa por avançar na Libertadores.

No caminho, o Inter. Da história do Peñarol nem é preciso falar muito. É penta da América e tri mundial. Só que a partir dos anos 90, o clube mergulhou numa lenta agonia que quase culminou no rebaixamento, há dois anos. Então, aconteceu a virada. Assumiu um novo presidente, Juan Pedro Damiani, e com ele vieram métodos mais modernos de gestão. O marketing ganhou força desmedida.

— Todo clube passa por momentos institucionais ruins. O nosso foi este. Mas a administração agora é mais eficiente e conectada com o futuro — explica o técnico Diego Aguirre, 45 anos, ex-jogador do Inter no entardecer dos anos 80.

Foram montadas campanhas de sócios à exaustão, com a participação de personalidades do clube. Ídolos do passado, e até Diego Forlán, ajudaram. De pouco mais de 6 mil contribuintes, o Peñarol saltou para 46 mil. Contratos de publicidade foram renegociados. Aos poucos, o clube melhorou a saúde financeira.

A folha do grupo principal ainda é pequena perto das praticadas no Brasil: cerca de R$ 1 milhão. A do Inter passa dos R$ 5 milhões. O capitão Pacheco, 35 anos, é o maior salário: R$ 30 mil. O centroavante Mendes, ex-Juventude, ganhava R$ 16 mil quando lá esteve.

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