Tatiana Lopes  |  tatiana.lopes@rbsonline.com.br

Dois meses e várias conquistas pessoais e profissionais. Contratado pelo Valencia, Jonas deixou o Grêmio no final de janeiro deste ano para dar o primeiro passo na busca pela realização de alguns de seus maiores sonhos: jogar em um clube conhecido da Europa. Em seguida surgiu a oportunidade de atuar na Liga dos Campeões, de jogar contra o Barcelona de Messi no Campeonato Espanhol e, para fechar com chave de ouro, a primeira convocação para a Seleção Brasileira.

Jonas com Henrique e Lúcio na Seleção
Foto: Divulgação, CBF

Superado o episódio do desabafo em frente à torcida do Grêmio em seu último jogo pela equipe, no Olímpico, quando se viu irritado com algumas vaias das arquibancadas, ele sabe que vem alcançando seus principais objetivos pelo que mostrou no Tricolor. Hoje, Jonas prefere guardar com ele as boas lembranças do período em que atuou com a camisa azul, preta e branca.

— Para mim está superado. Aquilo foi um desabafo em relação ao jogo. Muitos torcedores podem achar que eu fiz aquilo porque ia embora, mas eu só fiquei sabendo domingo à noite, e o jogo foi na sexta. No sábado, o pessoal do Valencia chegou a Porto Alegre. Eu sabia que eles viriam, mas para começar a conversar. A chance de ficar era maior que ir embora, faltava uma semana para fechar a janela, era difícil. Eu queria sair se valesse a pena, para um time grande, e os diretores fizeram uma proposta muito boa. Acabei escolhendo — lembrou o atacante, em entrevista exclusiva ao clicEsportes.

Foto: Diego Vara

Com o Valencia, Jonas firmou um contrato até junho de 2015. Se dizendo adaptado ao novo país e ao novo clube, ele planeja continuar trabalhando forte para conseguir mais espaços na equipe, fazer mais gols - até agora anotou um em sete jogos, três deles como titular - e voltar a disputar a Liga dos Campeões no ano que vem. Nesta edição, a equipe foi eliminada nas oitavas de final, pelo Shalke 04, da Alemanha.

— Entrei no finalzinho, mas já deu para ter uma noção de como é (...) É coisa de louco, muito legal, muito bonito, difícil de explicar. Os estádios daqui são bonitos, impressiona só de ver, imagina jogar! — comentou.

Outro fator que impressionou Jonas foi o futebol do melhor do mundo, Lionel Messi. E melhor ainda foi enfrentá-lo. No Espanhol, dia 2 de março, viu o argentino dar a vitória ao Barcelona sobre o Valencia por 1 a 0.

— É fera, ele é o melhor mesmo, joga muito. Passa pelos adversários como se estivesse brincando. É um grande time que tem tudo para levar essa Champions.

 

Vida na Espanha:

O idioma não vem sendo problema para Jonas, nem o clima. Segundo ele, a temperatura lembra a de Porto Alegre, algo que o agradou. Ele ainda não faz aulas de espanhol, mas pretende, em breve, começar. Além disso, quer estudar inglês.

— Na primeira semana fiquei perdido, agora já acostumei, entendo mais. O pessoal me trata bem, isso ajuda — destacou ele, que não conta com a companhia de brasileiros na equipe.

— Estava torcendo para que tivesse pelo menos um, mas não tem. Os portugueses me ajudam muito, o Ricardo Costa e o Miguel — contou.

A rotina de treinos é parecida com a do Brasil. Mas os trabalhos são sempre em um turno, ou pela manhã ou pela tarde. Outro detalhe que fez Jonas notar alguma diferença foi o ritmo. Dura menos tempo, mas é mais intenso.

O jogo é que muda bastante. Os campos são sempre molhados antes das partidas, e a bola corre com mais rapidez no gramado. Mas foi assim que Jonas conseguiu marcar seu primeiro gol em terras espanholas, contra o Athletic Bilbao, fora de casa, e que determinou a vitória de virada por 2 a 1.

— Foi uma emoção muito grande — ressaltou.

Com relação à comida, Jonas também não encontrou problemas. Mas como todo bom brasileiro, sentiu saudades do feijão. Há cerca de três semanas seus pais, o irmão Diego e a namorada Melina foram morar com ele, que já vivia com o outro irmão, o Tiago Gonçalves, também seu empresário. Na bagagem, o presente:

— Meus pais chegaram aqui e trouxeram o feijão!

Mas nesta sexta, dia 1º de abril, dia em que Jonas completa 27 anos, vai estar longe dos familiares. A "comemoração" será na concentração, já que ele é um dos relacionados para a partida contra o Getafe, neste sábado.

Foto: Valencia, Divulgação

 

A Seleção e saudade do Brasil:

Jonas ficou sabendo que havia sido convocação pelo técnico Mano Menezes para o último amistoso contra a Escócia, disputado em Londres, por uma ligação telefônica de Taiúva para Valencia. O irmão Diego, que estava ainda na cidade do interior de São Paulo, foi quem deu a notícia. E o atacante, em um primeiro momento, não acreditou.

— Tinha acabado de chegar do treino e meu irmão que ficou em Taiúva ligou dizendo que eu tinha sido convocado. Aí eu pensei: "será que sou eu?" Liguei o computador para ver e já estava lá o meu nome. Fiquei muito feliz — contou.

Em Londres, Jonas dividiu o quarto da concentração com o também ex-jogador do Grêmio Lucas, hoje no Liverpool. Entre os assuntos, o Grêmio, claro.

— Tinha um jogo do Grêmio no dia da apresentação (Grêmio 6x0 Inter-SM). Chegamos no quarto e vimos que o Grêmio tinha ganhado. Eu acompanho, ele também falou para mim que acompanha sempre. Somos ex-gremistas que estão sempre ligados ao clube — disse.

Jonas encontrou um clima aconchegante na Seleção. Matou a saudade de velhos amigos, como Victor e o preparador de goleiro Chiquinho, o Francisco Cersósimo, e aproveitou para conhecer outros jogadores que ainda não havia tido oportunidade de conversar pessoalmente.

Melhor ainda teria sido marcar um gol na estreia pela Seleção. Jonas entrou no final do jogo, no lugar de Leandro Damião, quando o Brasil já vencia por 2 a 0. Aos 40, ele recebeu lançamento de Daniel Alves e mandou para fora.

— Estrear já com um gol, meu Deus... Mas pelo pouco tempo que eu entrei deu para movimentar bem e tocar bem a bola. Às vezes você é convocado e nem entra, mas eu entrei e tive oportunidade de fazer um gol, então isso mostra que tenho que sonhar — destacou.

Depois da Seleção, Jonas voltou ao Valencia para dar sequência aos últimos jogos pela temporada 2010/2011. Assim que começarem as férias, em junho, o destino já está escolhido: Taiúva.

Com a mesma humildade de quando saiu do Grêmio, Jonas acredita que não será recebido em sua cidade natal com euforia ou festa.

— O pessoal me conhece, sabe como é meu jeito — encerrou Jonas, que no meio do ano vai trocar, por cerca de um mês, a espanhola Valencia pela paulista Taiúva.

 

Clique na imagem para ouvir um trecho da entrevista de Jonas, com imagens da carreira do atacante:

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