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Esportes  | 29/03/2011 07h13min

Exclusivo: Roth fala sobre planejamento, críticas e preferências táticas

Treinador explicou os motivos da preferência pelo esquema 4-5-1

Diego Guichard  |  diego.guichard@zerohora.com.br

Criticado ou elogiado. A relação de Celso Roth com a torcida colorada vive em constante mutação. Quando conquistou a Libertadores em 2010, ecoou das arquibancadas do Beira-Rio um uníssono "Fica, Celso Roth!". Hoje, seis meses depois, somado à frustração no Mundial, o técnico volta a ser questionado. Grande parte dessa insatisfação vem por causa das atuações do time no Gauchão, campeonato em que o Inter já coleciona dois empates consecutivos sem gols em casa – na competição continental, por outro lado, os números são totalmente a favor: duas goleadas em três jogos.

Em conversa exclusiva com o clicEsportes, um franco e bem-humorado Roth abriu o jogo. Para ele, não há como manter o mesmo foco em competições de níveis tão discrepantes como Gauchão e Libertadores. E reafirma a preferência pelo esquema tático 4-5-1.

clicEsportes: Existem focos diferentes entre os jogadores em relação às competições?

Celso Roth: Existe. É completamente desumano dizer que não. O ser humano escolhe o que é mais importante. No caso do Inter, em 2010, o clube elegeu a Libertadores e o Mundial como prioridade. No último ano, a direção também havia definido que o Gauchão seria disputado pelo time B. Não tem como dizer que são medidas iguais. O torcedor deseja a Libertadores, mas o problema é a comparação de um time com o outro (em relação ao Grêmio). E isso é independentemente de campeonato. O torcedor quer gozar o amigo do clube rival.

Por que alguns jogadores necessitam de sequência maior para render em campo? E o caso de um atleta que só atua bem com determinados técnicos?

Roth: Se o jogador reconhece uma linha de conduta no comandante, passa a se moldar dentro desse caminho. Especificamente, o D’Alessandro é acima da média, que conhece a opinião do comandante e corrobora com ela. Isso é uma individualidade.

Se fizermos um paralelo, Sobis e D’Alessandro são jogadores diferentes. Um tem a qualidade técnica apurada e o outro tem o dom de se apresentar para o gol. Mas ambos são de níveis altíssimos.

O D’Alessandro não estava atuando há 15 dias. O Sobis já faz um ano e tanto que não consegue uma sequência. No caso do Cavenaghi, nosso ritmo de treinamento é completamente diferente do europeu. Mede-se o Cavenaghi pelas situações que tem em campo e não marca gol. Quem não sentiu isso? O Bolatti é outra circunstância. A função de marcação naquela zona do campo é mais simples para a adaptação.

Foto: Valdir Friolin



Como encara o relacionamento com a torcida diante de eventuais vaias?

Roth: Acho o torcedor do Inter absolutamente único. Ajuda, faz a diferença, é o 12º jogador. Só que também é exigente. A partir do momento em que o Inter é campeão mundial e bi da Libertadores, a torcida desejará isso sempre. O clube cresceu de forma estrondosa em relação a minha outra passagem (em 1997). Tanto que foi convidado para um torneio que “só tem” Barcelona, Milan e Bayern de Munique. Essa empatia tem que existir, mesmo que o torcedor venha para vaiar. É absolutamente normal.

Acha que existe diferença por parte da imprensa no tratamento em comparação com o Renato, que é um ídolo da torcida gremista?

Roth: Cada um tem o seu estilo. Não vou entrar nessa discussão. Tenho a minha linha de conduta. Posso até ter desentendimentos com a imprensa, mas vou tratar todos de forma igual.

Primo pelas coisas do clube. Quanto à conduta de outros profissionais, sem comentários. Estamos em um país democrático e cada um critica da forma que achar melhor.

clicEsportes: No Brasil, há treinadores mais ofensivistas e outros mais defensivistas. Em qual dessas duas você se encaixa?

Roth: Gosto do meu time equilibrado. Sempre disse isso. O time precisa ser ofensivo e defensivo ao mesmo tempo. Se conseguir fazer isso bem, é campeão.

clicEsportes: Por que não usar dois atacantes no time?

Roth:
Acho essa pergunta pertinente. Sempre utilizei equipes com dois atacantes na minha carreira. O que fiz no Inter foi aproveitar a característica dos jogadores que tenho. Consegui colocar Tinga, D’Alessandro, Taison e mais um atacante no time. Mesmo assim, chegávamos sempre com dois, três ou quatro na área adversária. E é a isso que visamos agora.

É assim que o esquema se encaminha. Queremos ter um time compacto que chegue com maior número de atacantes possíveis. Nada se cria, tudo se copia. É só dar uma olhada nos esquemas táticos do futebol europeu e nos utilizados na Copa do Mundo.

Foto: Fernando Gomes

clicEsportes: Haverá mudança de planejamento para o Brasileirão?

Roth:
Essa é uma cobrança popular. Cheguei a escutar em 2010 que o Inter não queria a Libertadores, mas sim o Brasileirão. O Inter, como instituição, precisa disputar todos os títulos. O torcedor pode fazer duas escolhas, mas duvido muito que a torcida abra mão da Libertadores.

clicEsportes: Considera o Inter hoje mais forte do que em 2010?

Roth: Acho que o Inter vem conseguindo resultados importantes e conseguiu agregar valor ao seu grupo, mesmo tendo vendido jogadores. Ano passado, tínhamos o Sandro. Hoje, contamos com o Bolatti. Ambos têm estatura e qualidade técnica similar. O Taison, quando eu não estava aqui, estava para ser emprestado por um valor irrisório, já que era reserva. Ele foi colocado no time e acabou negociado por uma quantia bem significante.

Trouxemos o Zé Roberto, que tem uma experiência maior do que a do Taison, além de qualidade técnica. O Inter se reforçou e está fazendo uma bela Libertadores. No seu estádio, o torcedor faz a diferença quando está junto.

clicEsportes: Em relação a Oscar e Damião, o quanto o treinador contribuiu na formação de ambos? Eles alcançaram a titularidade no momento certo?


Roth: Quando cheguei ao Inter, o Damião já estava no grupo principal. Teve pouco tempo de formação e não teve base. Eu já o conhecia do Inter B no Gauchão e havia observado algumas qualidades interessantes dele como centroavante. Com a lesão do Alecsandro, teve oportunidade de começar vários jogos do Brasileirão e agarrou a chance. Obviamente, foi se aperfeiçoando e aprendendo aos poucos. No final de semana, deu orgulho assisti-lo na Seleção. Aquilo tudo que foi visto não foram obtidos em dois dias de treinamento com o Mano. Foram nos trabalhos com o Inter.

O caso do Oscar foi diferente. Quando vim para o Inter o Fernando Carvalho me consultou e vislumbrou essa possibilidade de contratação. Mas quando o Oscar chegou, estava absolutamente fora do nosso esquema de trabalho. Abaixo fisicamente, com a força física debilitada. Foi trabalhando, ficando com aquele débito, querendo mostrar. Teve participação efetiva, melhorou e está se tornando titular do Inter.

Sempre é o momento certo de alcançar a titularidade, tanto o Damião quanto o Oscar. O Oscar tinha na fragilidade física um ponto de interrogação. Hoje, ele superou isso.

clicEsportes: E como é que o Celso Roth mantém o equilíbrio próprio para dirigir esse time sob pressão?

Roth: O treinador precisa disso. Se existe um comandante equilibrado, o time será também. Como será isso? Nas escolhas diárias. Se conhece um líder pelas decisões.

Celso Roth em 2011
 
11 jogos
6 vitórias
4 empates
1 derrota
66,6% de aproveitamento

Jogos com o Inter pela Libertadores 
7 jogos
5 vitórias
1 empate
1 derrota
76,2% de aproveitamento

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