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Esportes  | 23/03/2011 12h17min

Aposta nos jovens é um dos segredos do Cruzeiro para boa campanha no Gauchão

Estrelado manteve 90% do grupo nos últimos três anos

Felipe Bortolanza  |  felipe.bortolanza@diariogaucho.com.br

Não há mais dúvida: a estrela do Cruzeiro voltou a brilhar no Gauchão. Depois de 32 anos de agrura longe da elite, o Estrelado se estabelece como a principal afirmação do Estadual. Nesta quarta, contra o juventude, às 16h, em casa, busca manter-se 100% no returno, no qual tem duas vitórias, dez gols feitos e nenhum sofrido.

É um time jovem, que se diverte em campo. Assim já derrotou Grêmio e Inter, eliminou o Colorado no primeiro turno e não corre risco de rebaixamento. No grupo, há atletas pretendidos até por clubes do Exterior. Qual o segredo do sucesso? Em cada ponta da estrela, uma explicação.

Manutenção do grupo

Raros os times no mundo conseguem manter 90% do grupo de trabalho por três anos. O Cruzeiro é um deles. Esta base cruzeirista vem do Estadual de Juniores de 2008. Foi vice, perdendo para o Inter.

Entre 2009 e 2010, a gurizada virou profissional. Dos 30 atletas que subiram o time, 22 foram criados no velho estádio nos altos da Avenida Protásio Alves. Na época, o trabalho foi do técnico Benhur Pereira, hoje no Lajeadense, outro que voltou à Série A fazendo bonito:

— Fico muito feliz e orgulhoso de vê-los brilhar. Para mim, não é surpresa. Há qualidade e comprometimento.

Preparador físico do time na Série B de 2010, Marcelo Duarte faz uma revelação:

— Foram 42 partidas e não tivemos nenhuma lesão muscular. Me orgulho muito deste fator. Principalmente nós que ficamos nos bastidores do espetáculo!

Benhur, que saiu do Cruzeiro em busca de "novos desafios", fez uma revelação:

— Tentei levar seis atletas para Lajeado. Só consegui um, o Alex Goiano, porque estava com contrato acabado. Queria Jô, Almir, Léo, Diego e Faísca. Mas o Cruzeiro não largou, pois está bem estruturado.

Finanças no azul

Um dos segredos do Cruzeiro está fora das quatro linhas do gramado. É o cofre. E saber que a situação em 2009 beirou um drama, com uma dívida de R$ 160 mil.

— Estivemos bem perto de fechar. Aí, jamais voltaríamos. Conseguimos evitar o leilão de nossa área. Passamos o chapéu e parceiros nos ajudaram a quitar o débito — revela o presidente Dirceu de Castro.

O comandante conta mais:

— Os investidores se mantêm unidos ao clube. Por isto, vamos fechar as contas no azul no futebol após o Gauchão. E nem estou contando com possíveis vendas de atletas...

Aí entra outro diferencial do Estrelado. Ele tem contratos longos, o que garantirá bons frutos em breve, pois há interesse de gente grande, incluindo a Dupla, clubes de Rio e São Paulo, além de fora do país. Léo, Diego Torres e Jô são os mais assediados. A grana que entrar será dividida entre investidores e categorias de base (o dinheiro para a nova arena, em Cachoeirinha, tem outra fonte). No segundo semestre, haverá disputa da Copinha. Se obtiver vaga, vai encarar a Série D do Brasileiro.

Por fim, não há salários atrasados no clube.

— Nosso compromisso com o grupo foi este: não atrasar nem premiações. O atleta se sente respaldado e produz em campo — afirma Dirceu.

Pacto contra assédio

— Não ganhamos nada ainda. Quem tirar o pé, será cobrado na mesma hora.

A garantia é do meia Diego Torres, 25 anos, um dos veteranos do grupo que tem média de 21 anos. O camisa 10 revela:

— Quanto mais longe no Estadual a gente chegar, melhor será uma proposta de transferência! Este é nosso pacto de vestiário.

Segundo ele, a vaidade é deixada de lado. Ele argumenta que o grupo se conhece há três anos, já ralou muito em estádios ruins no interior. Está calejado e, por isto, jogou com tanta naturalidade no Olímpico e no Beira-Rio.

Pretendido pelo Grêmio, Diego não sairá do Cruzeiro por menos de R$ 1 milhão — seu contrato vai até novembro de 2012:

— Tenho cabeça boa, minha família é maravilhosa, nenhum assédio me afeta.

Obediência tática

Quem viu o Cruzeiro encarar e vencer Grêmio e Inter deve ter se perguntado: como pode ter tanta ousadia contra os grandes? O técnico Leocir Dall'Astra, que fez 13 de 18 pontos possíveis (assumiu no lugar de Armando Desessards, que deixou o time com cinco pontos após seis jogos), esclarece:

— No primeiro papo que tive com o grupo, peguei o quadro negro e expliquei minha forma de jogar. E cobrei disciplina tática. As vitórias vêm porque, em oito anos de profissão, é o time mais obediente com que já trabalhei.

Para Leocir, não existe milagre no futebol. Ele acredita que é preciso dosar ordem e liberdade:

— O time é jovem, naturalmente ousado. Cabe a mim dar confiança e limites a eles.

O maior drama neste returno é controlar a ansiedade dos que já começam a ter sondagem de clubes grandes:

— Espero que isto não nos atrapalhe. Tomara que isto não fuja do meu controle.

Alegria e irreverência

Embora elogiado por ser obediente, a gurizada do Estrelado abusa da irreverência. No vestiário, os aquecimentos são embalado ao som de funk, cujo DJ é o pequenino atacante Jô:

— O som nos anima a entrar em campo e vibrar a cada lance. futebol é alegria, acima de tudo.

O zagueiro Léo, outro na lista do Tricolor, vai junto no embalo. Depois de marcar gol, puxa os amigos para dançar. Fez isto contra a Dupla (1 a 0 no Inter e na derrota por 4 a 2 para o Grêmio):

— Temos alegria com responsabilidade. O professor Leocir nos cobra esta mistura.

DIÁRIO GAÚCHO
 
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