O futebol brasileiro, conhecido por revelar jogadores, está envelhecendo. Apesar de continuar criando craques em doses industriais – vide Neymar, Paulo Henrique Ganso, Giuliano, Mário Fernandes... –, os principais times do país convivem, cada vez mais, com jogadores acima de 30 anos.

Nos últimos anos, os clubes brasileiros trouxeram jogadores de destaque internacional, algo impensável antes. O Corinthians, por exemplo, contratou Ronaldo, Roberto Carlos e Liedson. O Flamengo trouxe Ronaldinho. O Fluminense levou às Laranjeiras Beletti, Deco e Emerson Sheik. O São Paulo buscou Rivaldo e Fernandão. O Palmeiras repatriou Marcos Assunção e Lincoln. E o Botafogo escolheu Loco Abreu. Os principais nomes das equipes têm, na sua maioria, mais de 30 anos.

No Inter, o craque é D'Alessandro, mas 11 companheiros dele já estão começando a quarta década de vida – Lauro (30), Bolívar (30), Índio (35), Rodrigo (30), Sorondo (31), Kleber (30), Glaydson (31), Guiñazu (32), Tinga (33), Zé Roberto (30) e Alecsandro (30), sem contar Edu, 31, que não faz mais parte dos planos.

No Grêmio, a realidade é um pouco diferente. Se as principais referências são Victor e Douglas, Lúcio e Borges, dois dos outros protagonistas da equipe de Renato Portaluppi já cruzaram a barreira dos 30.

E se a equipe perde um pouco na movimentação, ganha com a experiência de jogadores rodados e acostumados às decisões.

Nos mesmos passos do Brasil, o futebol argentino apresenta a maioria de seus craques como jogadores veteranos. Na última semana, o volante Camoranesi, 34 anos, campeão do mundo pela Itália em 2006, na Copa da Alemanha, retornou ao país de nascimento para defender o Lanús.

O outrora grande time da América, o Boca Juniors, hoje busca reencontrar os grandes momentos. Os Xeneizes seguem apostando no talento de Riquelme, com 32, e o faro de gols de Palermo, 37.

O River Plate vive uma das maiores crises da sua história. Embora os Millonarios tenham revelado o jovem Erik Lamela, o principal pilar é o experiente Matias Almeyda, de 37, que promete encerrar a carreira, dessa vez, de forma definitiva nesta temporada. O volante já havia parado em 2005, mas retornou em 2009.

Principal clube da Argentina dos últimos anos, o Estudiantes também apresenta uma equipe envelhecida. Verón segue sendo a grande estrela, apesar dos 35 anos. Leandro Desábato, 32, e Rodrigo Braña, 31, são os coadjuvantes do time de La Plata, um dos favoritos ao título da Libertadores.

O pequeno All Boys ainda acredita que Ariel Ortega, de 36 anos, relembre o futebol que, um dia, fez, como todo argentino habilidoso e baixinho, ser chamado de o “sucessor de Maradona”. Além da idade, as questões disciplinares pesam contra El Burrito. Em 2009, Ortega abandonou a carreira por problemas com o alcoolismo.

O Gimnasia La Plata trouxe Guillermo Barros Schelotto – um dos grandes nomes da história do Boca – de volta ao clube que o revelou. O atacante de 37 anos assinou um contrato de seis meses com a equipe do seu coração e não receberá nada durante o período.

Outra equipe que busca renascer é o Rosario Central. Os Canallas, hoje na segunda divisão do Campeonato Argentino, desejam retornar à elite do futebol do país regidos pelo ídolo Kily González, de 36 anos.

Craques que, daqui um pouco, vão pendurar a chuteira e parar de trazer alegrias a milhões de torcedores.