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Esportes  | 09/01/2011 21h43min

Do amor à mágoa em 48 horas: como a torcida reagiu ao caso Ronaldinho

Gremistas vão da euforia à tristeza com reviravolta nas negociações

Entre as tardes de sexta-feira e domingo, o torcedor do Grêmio experimentou uma coletânea sortida de emoções. Do negócio praticamente fechado, de uma reconciliação depois de uma década, a um surto de ódio que culminou na indiferença a um dos maiores jogadores da história do futebol. No texto abaixo, o clicEsportes reconstitui essas 48 horas em que uma torcida e um craque que atende por Ronaldinho romperam o maior dos contratos: o da confiança.

Nem mesmo após Odone expulsar as caixas de som do gramado, no fim da manhã da sexta-feira, os torcedores arredaram pé do Olímpico. Como verdadeiros crentes, fizeram da espera uma vigília e, dos cantos da Geral, orações. Centenas de gremistas esperavam que, numa obra do Espírito Santo, Ronaldinho surgisse num helicóptero e caísse nos braços da massa. E a direção do Grêmio, de certa forma, também, apoiada na promessa do irmão e empresário do craque, Roberto Assis.


Foto: Adriana Franciosi

Daquela tarde, ficaram de lembrança o cansaço, o corpo tostado de sol e a decepção. A tristeza foi diminuída logo depois, enquanto, provavelmente, muitos desses fanáticos torcedores tomavam um reconfortante banho: o Grêmio estava pronto para apresentar Ronaldinho na noite de sábado, durante o Jornal Nacional, da TV Globo. Mas e a viagem do meia a Santa Catarina? Vicente foi tão enfático quanto otimista: "Florianópolis vai ter esperar".

Qualquer gremista que tivesse algum compromisso na noite de sábado deve ter desmarcado. Afinal, Ronaldinho seria visto em rede nacional com a camisa tricolor. Mas isso não aconteceu. O drama começou às 13h15min, quando as câmeras de televisão avistaram a cabeça nua de Adriana Galliani. Ali, em frente a um hotel no Leblon, o vice-presidente do Milan, acompanhado de Patricia Amorim, presidente do Flamengo, garantiu o craque no rubro-negro.

99,9% fechado com o Ronaldinho e com o Flamengo.


Foto: Tatiana Lopes 


Foi como um gol contra aos 45 minutos do segundo tempo de um Gre-Nal. Duas horas depois, o Grêmio junta os cacos para anunciar: "estamos desistindo de Ronaldinho". A reação foi imediata. Como um vírus, as palavras de Paulo Odone romperam a confortável sala de imprensa e se espalharam pelo pátio do Olímpico. A mesa virou: a torcida, que assistia ao treino da equipe, ficou do lado da direção e voltou-se contra os irmãos Assis Moreira. A história reprisava-se aos olhos de um país atônito por um fim na novela. De sua parte, o Grêmio a encerrou.

— Traíras! Mercenários — gritavam os torcedores, cédulas em punho.

Para acentuar o sentimento de traição absorvido pelo gremistas, o fã ainda foi informado do desembarque de Ronaldinho em Florianópolis, para o show de Amy Winehouse. Nessa mesma noite, torcedores hostilizaram o jogador em uma casa noturna de Jurerê, chegando a atirar moedas em direção ao camarote onde Ronaldinho curtia as belezas de Santa Catarina.


Foto: Tatiana Lopes


Se Odone queria transformar a mágoa de 2011 em paixão, viu o sentimento crescer em puro ódio e, mais tarde, em descarada indiferença. No treino de domingo, cerca de 300 torcedores invadiram o Olímpico, tomaram os alambrados do campo suplementar e apoiaram o time como se fosse uma final de Libertadores. Era para ser mais um frívolo treino técnico, mas não foi. Foi a maneira de a torcida mandar um recado a Ronaldinho e a Assis: os gremistas não irão perdoá-los, mas prometem fazer de tudo para esquecê-los.

Foto: Lucas Rizzatti


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