Os jogadores do Figueirense estão curtindo férias merecidas após o acesso do clube à Série A do Campeonato Brasileiro. O treinador Márcio Goiano, 41 anos, também tenta descansar e se dedicar à família, após um ano inteiro de trabalho no Orlando Scarpelli, mas ele não consegue se desligar totalmente. Há uma razão: confirmado como o comandante alvinegro para 2011, ele já pensa no Campeonato Estadual.

Além de ajudar o Departamento de Futebol na montagem da equipe, Goiano deu início aos “estudos”. A Série B mal havia terminado e ele já tinha na ponta da língua a tabela do Catarinense e a sequência de confrontos do Figueira, a começar pelo Metropolitano, em Blumenau, dia 16 de janeiro.

A ideia é manter a base deste ano, o que evitaria que o time tivesse que ganhar entrosamento durante a competição, levada muito a sério. Voltar a conquistar o título é o primeiro objetivo do ano, e, para Goiano, primordial.

Embora o técnico tenha assinado contrato até dezembro, ele sabe que o desempenho no Estadual poderá dizer se ele continuará à frente do time na elite do Campeonato Brasileiro.

Em entrevista ao Diário Catarinense, após a confirmação da permanência, ele falou da importância dos resultados e admitiu: 2011, para ele, será o ano de se consolidar na profissão.

Afinal, até assumir o Figueira, no Catarinense do ano passado (ele substituiu Renê Weber, a quem auxiliava), Goiano não havia tido uma oportunidade como treinador de time profissional – foi apenas auxiliar ou técnico da base. Ele soube aproveitar a chance e agora tem a oportunidade de crescer e se fortalecer nesse mercado. Confira os principais trechos da conversa.

Diário Catarinense – O Figueirense foi sua estreia como técnico. Você se considera consolidado como treinador?

Márcio Goiano – A vida é feita de resultados, principalmente nessa área. Iniciar e conseguir o objetivo, lógico, valoriza bastante. Agora tudo é uma consolidação, quero marcar. Em 2011 é a hora da confirmação para alavancar a carreira.

DC – Quando você chegou ao Figueirense, antes do Estadual deste ano, era auxiliar de Renê Weber. Qual a diferença de começar o trabalho como técnico e poder participar da montagem do elenco?

Goiano – É participar diretamente, com relação a nomes, manutenção de atletas, ter autonomia para dizer quem você acha ideal e ver quais são jogadores importantes. Tenho a preocupação de manter uma base porque retornamos dia 3 de janeiro e dia 16 já tem o primeiro jogo. Se conseguirmos isso, já teremos um entrosamento para iniciar bem.

DC – Este ano o time era bastante jovem. O perfil será o mesmo em 2011?

Goiano – Nesta temporada tínhamos, jogando, três jogadores acima dos 30 anos (Reinaldo, Fernandes e Túlio), o restante bastante jovens. Em função da quantidade de partidas que se tem durante um mês, a manutenção de jogadores mais novos dá uma condição melhor de trabalho, até porque eles suportam mais. Minha forma de pensar é a manutenção de um grupo mais jovem, até porque tem mais velocidade, mais força, mais dinâmica. Lógico que cabem os mais experientes.

DC – Você já perdeu o Roberto Firmino e Lucas, João Filipe e Willian também devem sair. As saídas param por aí?

Goiano – A diretoria está trabalhando com os demais jogadores para garantir uma base. Temos que procurar manter um time e, posteriormente, durante a competição, buscar valores para agregar. Sabemos a importância disso. Há algum tempo não consquistamos o Catarinense (desde 2008) e sabemos que na Série A a condição é outra, a qualidade é outra. Temos que qualificar. A curto prazo, vamos manter o esqueleto, e depois ir buscando outros nomes.

DC – Você chegou a passar uma lista para o Departamento de Futebol?

Goiano – A gente busca, liga para alguns amigos, liga para alguns clubes. Estamos trabalhando alguns nomes, passando algumas situações e buscando informações com outras pessoas, outros profissionais, para trazer nomes que venham a agregar e fazer com que o Figueirense seja forte em 2011.

DC – Você tem dois campeonatos pela frente, o Estadual e a Série A do Brasileiro. Quais os objetivos nessas competições?

Goiano – Não tem como o Figueirense entrar em um Estadual não pensando em conquistar o título. Tem que se preparar bem. Temos que entrar para ganhar. Na Série A, temos que procurar a manutenção e buscar uma competição a mais para a equipe. Queremos um calendário melhor. Em 2011, o Figueirense tem Catarinense e Brasileiro e vai tentar uma Copa do Brasil, uma competição sul-americana e, em um ano, ter quatro competições. Esses são os objetivos que têm que ser traçados.

DC – O desempenho no Estadual vai dizer se você fica para o Brasileiro?

Goiano – Tenho contrato até o final do ano, temos todo esse período para trabalhar e espero começar e ir até o final junto com o Figueirense. Mas você nunca tem a segurança total sem o resultado. As pessoas que têm sucesso são as pessoas que têm resultado. Sabemos que no futebol é assim.